Qual o futuro da educação como a abordamos hoje? Devem as escolas moldar-se ao crescente papel da tecnologia na vida das crianças e jovens? São perguntas a que a 2ª edição do ciclo Challenging the Future vai procurar dar resposta nesta quarta-feira.
Para isso conta com vários oradores. Um deles é Miguel Herdade, diretor associado no Ambition Institute, em Londres. À Renascença, este especialista defende que as escolas e as universidades, não devem ostracizar o ChatGPT, acrescentando “que seria um erro, se as escolas tentassem proibir este tipo de ferramentas porque é o mesmo que tentar parar o vento com as mãos, não vai a lado nenhum”.
Miguel Herdade afirma que não há volta atrás quanto à inteligência artificial e o ChatGPT é um exemplo, por isso, defende que é preciso “tentar incluir para tornar a educação melhor” e tem como ambição “as escolas puderem usar o ChatGPT “para melhorar os exercícios que dão aos seus alunos, os trabalhos de casa que dão aos seus alunos, até para funcionar com os alunos de forma diferente”.
O especialista avança com um exemplo concreto: “Em vez de ser, escreva um ensaio sobre como é que as vacas ruminam, passar a fazer um ensaio pelo ChatGPT e a tarefa que põe aos alunos é descobrir neste ensaio o que está errado”.
“Decorar coisas é a parte mais fundamental na aprendizagem”
O diretor associado no Ambition Institute, em Londres, defende que é “preciso reforçar o que os alunos aprendem a decorar”.
Admitindo que dizer isto é “um pouco impopular”, Miguel Herdade lembra que “essa ideia, de que não é preciso decorar nada e que decorar é uma perda de tempo, ignora alguns dos avanços mais importantes que temos tido na educação nos últimos anos, que é percebermos, graças à tecnologia médica, entre outros, como é que o nosso cérebro funciona”.
Para este especialista em Educação, “decorar coisas é a parte mais fundamental na aprendizagem. Aliás, tecnicamente aprender, é decorar coisas no longo prazo e decorar é uma parte muito importante de aprender”.
Miguel Herdade insiste nesta ideia, afirmando que “só se consegue ser especialista numa matéria se se construir sobre conhecimentos que já existem no cérebro” e dá como exemplo que só “se consegue perceber onde é que Portugal é, se se perceber que o mundo é um globo e que existem os continentes, designadamente a Europa, senão não se consegue perceber onde Portugal está, nem perceber a geografia de Portugal".
Estas e outras questões podem ser acompanhadas online, no site oficial do evento Challenging the Future, e presencial na sede do BNP Paribas, em Lisboa. Tem início marcado para as 11h30 desta quarta-feira.