O secretário-geral da ONU apelou aos líderes mundiais e governos para que alcancem um acordo sólido para limitar o aquecimento global e promover uma economia mais amiga do ambiente. "Estamos em contagem decrescente para uma catástrofe climática", alertou Ban Ki-moon.
"As decisões que tomarem aqui em Paris far-se-ão sentir durante séculos", disse aos delegados no arranque de mais uma maratona negocial da Cimeira do Clima, que termina sexta-feira, apelando aos países para aceitarem a cada cinco anos uma avaliação do seu envolvimento ainda antes da entrada em vigor do futuro acordo, em 2010.
Segundo o secretário-geral das Nações Unidas, "o objectivo actual é o mínimo" e deve-se ter "a ambição de ir além".
"É preciso assim que o acordo preveja ciclos de cinco anos, ainda antes de 2020, para que os Estados reanalisem os seus compromissos e os reforcem em função dos dados científicos disponíveis", defendeu.
O acordo deve "deixar claro ao sector privado que a transformação que nos dotará de uma economia mundial com baixas emissões (de gases com efeito de estufa) é inevitável, benéfica e já está em curso", adiantou.
A COP21 decorre em Bourget, na periferia nordeste de Paris, desde 30 de Novembro a 11 de Dezembro, para que 195 países, sob a égide das Nações Unidas, adoptem um acordo mundial para travar o aquecimento climático do planeta. O objectivo é conseguir o compromisso dos países para conter a subida das temperaturas a dois centígrados relativamente à era pré-industrial.
Ban Ki-moon apelou aos delegados para que não evitem as decisões difíceis. Esta cimeira tem como objectivo alcançar o mais sólido acordo de sempre, em que países ricos e pobres se unam para reduzir as emissões poluentes. "O mundo espera mais de vocês do que apenas meias medidas e tentativas de aproximação", lembrou aos delegados, apelando a um "acordo de mudança".
"Os países desenvolvidos devem aceitar desempenhar um
papel motor e os países em desenvolvimento devem assumir uma parte crescente de
responsabilidade, de acordo com as suas capacidades", sublinhou.
O objectivo é arrancar uma série de directivas que permitam prometer que a temperatura média global do planeta não aumente acima de dois graus centígrados face à era pré-industrial.
A primeira semana acabou com acordo provisório de 43 páginas. O rascunho mantém dezenas de pontos em aberto, nomeadamente ao nível do financiamento e do mecanismo de perdas e ganhos, em que os países mais pobres e vulneráveis pedem compensações pelos prejuízos das alterações climáticas.
As catástrofes naturais, cada vez mais frequentes, mataram cerca de 600 mil pessoas em 20 anos, alertou a ONU, que sublinhou a importância de encontrar um acordo na conferência sobre alterações climáticas em Paris.
À margem destas negociações, a organização não-governamental britânica Oxfam revlou que 10% dos habitantes mais ricos do mundo são responsáveis por mais de metade das emissões de dióxido de carbono (CO2).
O relatório adianta que, no sentido inverso, metade dos mais pobres no planeta é responsável por apenas 10% dos poluentes.