O Kremlin acusou, este sábado, a Ucrânia de não ter conseguido uma trégua devido à recusa em negociar com a Rússia.
“Ontem [sexta-feira], na expectativa de negociações, o Presidente russo ordenou uma paragem no avanço das principais forças de Moscovo", disse o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov.
"Uma vez que o lado ucraniano recusou as negociações, o avanço das forças russas foi retomado hoje", acrescentou.
A Rússia declarou na sexta-feira ter proposto conversações em Minsk, a capital da Bielorrússia, um aliado da Rússia e a partir da qual Moscovo lançou a sua ofensiva em Kiev.
Algumas horas mais tarde, Vladimir Putin apelou ao exército ucraniano para encenar um golpe e descreveu o seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky e a sua comitiva como "um grupo de toxicodependentes e neonazis".
Kiev nega "categoricamente" as acusações de Moscovo. “Claro que a Ucrânia não recusou negociações", disse o chefe do gabinete do Presidente ucraniano, Mikhail Podoliak.
"A Ucrânia e o Presidente Zelenski rejeitam categoricamente quaisquer condições inaceitáveis ou exigências e ultimatos do lado russo”, acrescentou.
Washington disse que a abertura russa não podia ser considerada credível.
Questionado sobre o número crescente de sanções, Dmitry Peskov disse que estas eram "previsíveis" e assegurou que "estão a ser tomadas medidas para minimizar o seu efeito em todos os sectores da economia".
"Então teremos de desenvolver medidas de retaliação", concluiu.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 198 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 120.000 deslocados desde o primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.