"Vim partilhar a realidade de ser cristão na Terra Santa, a terra que viu nascer Jesus, para mostrar o valor da vida e a importância da paz". Nicola Ghobar avançava, assim, à Renascença o testemunho que dentro em pouco iria partilhar no REJOICE!, o Encontro Nacional de Jovens, que decorre até domingo no Parque das Nações, em Lisboa.
Há vários anos que Nicola vem a Portugal vender presépios da Terra Santa, em madeira de oliveira e madrepérola. É com esta ajuda, e com o turismo, que sobrevivem na região, onde os cristãos já são apenas um por cento da população. Com a guerra tudo se agravou, “sentimo-nos estrangeiros na nossa própria terra”, lembrou Nicola na Vigília, pedindo aos jovens que ajudem. Uma forma de o fazer é passar pela Basílica dos Mártires, no Chiado, onde até o Natal estará a vender o artesanato da Terra Santa.
Outros dos testemunhos na Vigília foi o de Matilde Salema, uma jovem portuguesa que se tornou voluntária no campo de refugiados de Lesbos, na Grécia, depois de ter visto no Instagram a famosa fotografia de um bebé morto numa praia no Mediterrâneo.
Matilde, que hoje já é mãe, não escondeu a emoção ao falar dos refugiados que conheceu e ajudou. E lembrou aos jovens: “o mundo precisa de nós e Deus fala-nos na normalidade do dia a dia”. Assim se esteja atento.
Na Vigília de oração do REJOICE!, o encontro nacional de jovens que assinala o primeiro aniversario da JMJ, houve ainda o testemunho de uma jovem libanesa. Hila Maria, de apenas 15 anos, mudou-se com a família para Portugal, na sequência da explosão no porto de Beirute.
Com a maturidade de quem compreende a ameaça da guerra, disse que “a paz é um sentimento de segurança, quando não temos de nos preocupar com o dia seguinte”, mas apesar de viver agora “num país seguro”, não consegue descansar quando tem familiares em perigo no Líbano. “Como posso sentir-me segura quando o meu primo de 10 anos está a fugir das bombas?”.
Hila pediu aos jovens que pensem o que cada um pode fazer para alcançar a paz, que é “uma luz”.
A celebração, que se prolongou por quase duas horas, foi presidia por D. Rui Valério. O Patriarca de Lisboa lembrou aos jovens que Deus “ama”, “confia” e “espera muito” de cada um. E convidou-os a serem “construtores de paz” e “ancoras” para os outros.
“Na iconografia, sempre que se quer mostrar a esperança faz-se uma âncora, isto porque, no meio das ondas e tempestades, a âncora torna o barco firme. A âncora da vida é Cristo: no meio do mundo, das ideologias, é a nossa força. E Cristo faz-nos também âncoras para os outros, para que o semelhante não se perca”.
Esta Vigília foi inspirada pela mensagem do Papa para o XXXIX Dia Mundial da Juventude, intitulada “Aqueles que esperam no Senhor, caminham sem se cansar”, e abriu com um vídeo com excertos das suas palavras na Vigília da JMJ Lisboa.