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O anúncio antecipado da Direção-Geral da Saúde (DGS) de redução de 10 para sete dias o tempo de isolamento para casos positivos assintomáticos de Covid-19 e contactos considerados de alto risco está a gerar confusão entre os utentes. Há quem esteja em isolamento e queira sair mais cedo, ao sétimo dia, apesar da nova norma ainda não estar em vigor.
O alerta vem do vice presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, que critica, à Renascença, o "ruído comunicacional" que o anúncio antecipado provocou.
"As pessoas ouviram sete dias, mas quando avisamos que tem de ser 10, porque a norma ainda não existe, provoca alguns problemas. Há quem queira sair ao sétimo dia, sem a norma estar publicada", relata Gustavo Tato Borges.
O "pré anúncio" da DGS veio "causar algum distúrbio na relação com os utentes" e, por isso, "teria sido melhor que a norma só fosse anunciada para a semana", defende o especialista.
Não obstante os problemas desta comunicação, o vice presidente da ANMSP é a favor da decisão da DGS e diz que o prazo de sete dias "é ponderado", quando comparado com o isolamento de apenas cinco dias decretado pela Madeira e, no panorama internacional, pelos Estados Unidos da América.
Mesmo assim, por uma questão de "precaução", Gustavo Tato Borges pede que os médicos possam decidir prolongar o período de isolamento de um utente, se houver sinais de sintomas da Covid-19.
"Caso um utente não esteja assintomático ao sétimo dia, devia prolongar-se o período de isolamento para os 10 ou os 14 dias. Se os sintomas não estiverem resolvidos, é imprudente deixar estas pessoas saírem do isolamento", refere.
"Há que haver esta liberdade para determinar se há possibilidade de decretar a alta ao sétimo. Decreta-a automaticamente, sem controlo, pode levar a algumas situações de risco", avisa, ainda.
Faz falta reforço de recursos humanos para testagem e rastreio
O vice presidente da ANMSP diz que a medida da DGS traz vários benefícios, mas, em termos de saúde pública, "o que faz falta é um reforço de recursos humanos".
“Apesar de haver alguns profissionais que vão ficar libertos do constante contacto com os isolados, porque ficam menos tempo em isolamento, a realidade é que há tantas pessoas para contactar que não é essa redução de três dias que vai trazer uma mudança para a saúde pública”, considera Gustavo Tato Borges, à Renascença.
Segundo Gustavo Tato Borges, face ao atual agravamento da situação epidemiológica, com um crescimento substancial do número de casos nas últimas semanas, “o que era preciso era um reforço de profissionais que estivessem disponíveis para fazer os contactos”.
"A testagem no país está em níveis nunca antes visto, mas para o número de casos, acabamos por não ter capacidade para chegar a todos. A parte da testagem está no limite e a parte do rastreio dos contactos não tem capacidade para lidar com os casos diários recentes", avisa.