"Até posso elaborar mais". Ministro da Cultura não se retrata de críticas à CPI TAP
10-07-2023 - 11:28
 • Hugo Monteiro , Olímpia Mairos

"Ofender a Assembleia? Eu não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia, mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação ao funcionamento do parlamento", afirmou o governante.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, não se retrata e está disponível para elaborar, ainda mais, sobre o funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP.

Esta posição foi assumida pelo ministro da Cultura, depois das críticas de Lacerda Sales, que considera uma falta de respeito ao trabalho dos deputados, o facto de Pedro Adão e Silva ter considerado haver parlamentares a agir como procuradores do cinema americano de série B.

O presidente da comissão de inquérito pediu ao ministro para se retratar, mas Adão e Silva diz não compreender a reação ao que afirmou.

“Espanta-me muito que haja uma reação nesses moldes, porque da mesma forma que os membros do Governo têm de estar, e eu acho que tem mesmo de estar, totalmente disponíveis para serem criticados todos os dias em todos os momentos, não vejo por que motivo não podem criticar e fazer reflexões críticas sobre o funcionamento de outros”, disse o governante.

Questionado sobre se não tem necessidade de se retratar, Pedro Adão e Silva disse que não e reiterou as críticas.

“Necessidade? Não, claro que não. Continuo, até posso elaborar mais sobre aquilo que é a leitura que faço sobre o que foi o funcionamento desta comissão parlamentar e terei muito prazer, porque acho que é mesmo um exemplo e um sintoma daquilo que é alguma evolução muito negativa, que eu vejo na relação entre o funcionamento das instituições políticas e a comunicação social”, disse.

“Acho que estamos a abrir aqui as portas para uma lógica de reality show que degrada todas as instituições”, acrescentou.

O governante também não considera ter ofendido a Assembleia da República e justifica porquê.

"Ofender a Assembleia? Eu não vejo porquê. O Governo responde perante a Assembleia, mas não está escrito em nenhum lado que os ministros devem suspender o seu espírito crítico em relação ao funcionamento do Parlamento", justificou.

Adão e Silva falava aos jornalistas em Vila Viçosa, no distrito de Évora, sobre a polémica em torno da entrevista que deu à TSF e ao Jornal de Notícias, em que considerou ter havido deputados a agir como "procuradores do cinema americano de série B da década de 80" na comissão de inquérito à TAP.

[notícia atualizada às 12h51 de 10 de julho de 2023]