Compra de Airbus. TAP e Parpública consideravam operação legal, diz Pedro Marques
30-05-2023 - 16:32
 • Manuela Pires , Teresa Paula Costa

Pedro Marques, ex-ministro do Planeamento e Infraestruturas socialista, diz que nunca viu nenhum documento que referisse que a operação de compra dos aviões era ilegal por o desconto comercial estar a ser pago a David Neelman.

Pedro Marques, antigo ministro do Planeamento e das Infraestruturas, garante que não sabia do negócio de David Neelman com a Airbus, que permitiu capitalizar a TAP com dinheiro da própria empresa.

“Se tivesse sido feita alguma espécie de desconto comercial na aquisição dos aviões da Airbus, por serem muitos aviões, que a Airbus tenha atribuído esse desconto, mas que o tenha pago ao senhor Neelman em vez de pagar à TAP, eu isso nunca vi”, afirmou Pedro Marques na comissão de economia, onde está a ser ouvido a pedido do PSD.

O antigo ministro das Infraestruturas garantiu que, na altura, não tinha qualquer informação que colocasse em causa o negócio com os fundos airbus

Questionado pela deputada Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda, Pedro Marques disse que teve conhecimento numa entrevista de David Neelman, em janeiro de 2016, e que, até lá, todas as indicações apontavam para um negocio legal.

“Nunca apareceu em nenhum documento que eu tenha visto esta ideia de a TAP está a pagar os aviões acima do valor que devia pagar, porque o desconto comercial foi dado, à cabeça, ao senhor Neelman. Eu não podia pôr em causa a legalidade de algo que a Parpública me tinha dito que era legal e que o engenheiro Fernando Pinto também nos disse que era legal e operacionalmente correto.”

Para o ex-ministro socialista, “esse é o elemento fundamental que torna, eu diria incerto, para não dizer de outra maneira do ponto de vista jurídico, esse tipo de negócio de capitalização por parte do senhor Neelman”.

“Dos documentos que vi enquanto ministro e daquilo que me foi dito pela Parpública, que não falou da Airbus, disse 'operação legal', e da parte da TAP, que disse esta operação de compra de mais aviões A320 e 330, a TAP dava por legal e operacionalmente adequada”, esclareceu.

“Nunca nos disse, em nenhum momento, em nenhum documento, que a TAP poderia estar a pagar para que o dinheiro tivesse sido entregue ao senhor Neelman”, insistiu Pedro Marques.

Eurodeputado não vê contradição no processo de privatização atual

Questionado pela Iniciativa Liberal sobre a privatização da TAP que o atual governo se prepara para iniciar, Pedro Marques não vê qualquer contradição.

“Não ouvi o senhor ministro dizer que percentagem vai privatizar nem se vai manter algum tipo de controle estratégico sobre a empresa”, referiu o ex-ministro que acrescentou que “até ver essa informação não consigo ver contradição nenhuma”.

Pedro Marques, que foi ministro das infraestruturas no primeiro governo de António Costa e atualmente é eurodeputado do PS, regressa amanhã ao parlamento, para a comissão de inquérito à TAP.