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A ministra da Saúde, Marta Temido, reconhece que as entregas das farmacêuticas e os limites de idade para administração em duas das quatro vacinas disponíveis (AstraZeneca e Janssen) "podem condicionar o plano de vacinação contra a Covid-19.
"Há dois temas que condicionam o plano: as entregas – em que temos tido contratempos e algumas situações complexas que deram origem a medidas mais musculadas da Comissão Europeia – e a situação de algumas vacinas que, no seguimento da vigilância farmacológica, foram consideradas possivelmente associadas a fenómenos adversos extremamente raros", afirmou nesta terça-feira aos jornalistas.
Em declarações prestadas após a reunião no Infarmed, que juntou especialistas, membros do Governo e o Presidente da República para a análise da situação epidemiológica do país, Marta Temido reiterou o "respeito escrupuloso pela decisão técnica", sem deixar de lembrar que "essas duas circunstâncias podem condicionar o plano de vacinação".
Antes, no Infarmed, o coordenador da "task force" da vacinação contra a Covid-19, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, revelou que as condicionantes relacionadas com idade poderão limitar a administração de meio milhão de vacinas neste segundo trimestre e cerca de 2,7 milhões no terceiro trimestre.
Contudo, a ministra da Saúde preferiu realçar o cumprimento de objetivos mais imediatos que o Governo considera estar em condições de cumprir, como a vacinação de todas as pessoas com "mais de 60 anos na terceira semana" de maio e ter mais de 70% de população vacinada no final do verão.
Foi ainda realçado o "contrapeso" proporcionado pela entrega antecipada de vacinas anteriormente contratadas à Pfizer/BioNTech, anunciado recentemente pela Comissão Europeia.
Portugal "está a controlar a pandemia" mas medidas mantêm-se
Nas declarações aos jornalistas, Marta Temido assinalou que "o país está a controlar a pandemia", mas reiterou a necessidade de "continuar a compensar o aumento dos contactos e da transmissibilidade, porventura também pelas novas variantes, mantendo as regras básicas" de vigilância epidemiológica.
"É preciso cerrar os dentes e continuar em frente", destacou.
A evolução da Covid-19 no país foi também enaltecida ao nível da letalidade da doença, com a ministra a notar "uma letalidade que é metade da que foi registada no ano passado e um quinto da que era registada há um ano".
A redução da mortalidade é, aliás, o "aspeto mais positivo" dos últimos dados sobre a pandemia, assinalou. "Estamos hoje com um número inferior a 5 óbitos por milhão de habitantes e este é o aspecto mais positivo daquilo que tem sido este longo caminho".
Temido destacou ainda a descida do número de internados e salientou que a positividade se mantém abaixo dos 4% em todo o território nacional.
Relativamente à "tendência crescente" da transmissão "em algumas áreas da região Norte", a ministra notou que algumas têm um R(t) acima de 1, embora com uma incidência ainda abaixo dos 120 casos.
A incidência está "pouco acima dos 60 casos por 100 mil habitantes", informou. Já o risco de transmissão é de 1 para o continente, baixando para 0,99 quando se inclui as ilhas. São "resultados positivos", concluiu.
Desconfinamento em progresso
Marta Temido adiantou aos jornalistas que o Governo está a "preparar" a próxima fase do desconfinamento, mas não confirmou se irá ocorrer tal como previsto na segunda-feira.
A ministra lembrou que as medidas restritivas poderão continuar a ter uma "geometria variável" – que agora é baseada na dimensão "concelho, mas pode ter outra geografia" – sendo que a prioridade é "preservar a segurança e a saúde das populações".
Nessa medida, o Governo estará sempre aberto a tomar "medidas proporcionais" à situação pandémica em cada concelho ou território.
Marta Temido incentiou ainda a testagem, que atingiu números recorde em Portugal e que se revela um instrumento muito importante na quebra de cadeias de transmissão, permitindo "perceber o estado de infeção dos indivíduos e atuar para o seu isolamento e tratamento".
Quanto à reabertura das fronteiras, a ministra sublinhou que "só quando resolvermos o problema da Covid-19 em todo o globo é que estaremos verdadeiramente protegidos e, portanto, continua a impor-se uma gestão de fronteiras".
Em Portugal, morreram 16.965 pessoas dos 834.638 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.