O Governo tem previsto distribuir "mais de 300 milhões de euros" pelas áreas metropolitanas e pelas comunidades intermunicipais (CIM) para melhorar a mobilidade no país, adiantou, esta terça-feira, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
"Neste momento estamos a ver o valor que corresponderá a cada CIM e a cada área metropolitana", disse a governante na Covilhã, à saída da conferência "Desafios da mobilidade em territórios de baixa densidade".
A ministra da Coesão Territorial destacou o "grande aumento das verbas para financiar as CIM", frisou que a intenção é que aumente também o valor atribuído a todas as CIM, "incluindo as do interior, e que a diferença entre o que é subsidiação dos territórios do interior e os territórios do litoral não seja tão acentuada".
Segundo a ministra, há outros critérios que serão tidos em conta na distribuição dos fundos em territórios de baixa densidade além da quantidade de população.
"Achamos que, além da população, há outros fatores que devem ser tidos em consideração nestes territórios, nomeadamente as distâncias, porque nestes territórios as distâncias são algo que pesa bastante, e a coesão social e territorial", adiantou Ana Abrunhosa, à margem da iniciativa promovida na Covilhã, distrito de Castelo Branco, pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes.
A governante salientou a necessidade de incentivar políticas de apoio à mobilidade e de medidas que conduzam ao aumento da procura dos transportes coletivos, para que a resposta seja "cada vez mais completa e de qualidade".
Os presidentes dos municípios da Covilhã e do Fundão, Vítor Pereira e Paulo Fernandes, alertaram hoje para o subfinanciamento dos transportes na região e consideraram inconcebível que um munícipe nesses concelhos pague um passe de 120 euros mensais para ir trabalhar, quando esse valor na zona metropolitana de Lisboa é de 40 euros.
Em resposta aos autarcas, e com o presidente da Câmara da Covilhã ao lado, Ana Abrunhosa concordou tratar-se "de uma injustiça" nestes territórios pagar-se "o triplo".
"Estamos a falar de um valor que pesa muito no rendimento das famílias em territórios do Interior, que tem um rendimento per capita menor do que as famílias do litoral", sublinhou.
Ana Abrunhosa vincou que o Plano de Mobilidade a ser preparado pelo Governo prevê medidas que combatem o problema onde atualmente não há "diversidade de oferta" de transportes públicos e defendeu que não se olhe apenas para "a folha de excel" quando se desenham políticas públicas, por considerar ter de existir um ponto de partida mínimo para o qual as pessoas têm de ter resposta.