O presidente da Associação Comercial do Porto lamenta a polémica em torno dos debates televisivos, em que Luís Montenegro propôs a sua substituição por Nuno Melo nos frente-a-frente da Aliança Democrática (AD) com o PCP – este sábado, às 20h30, na RTP – e com o Livre – marcado para dia 17 de fevereiro, à mesma hora, mas na TVI.
“É uma polémica que a AD deveria ter evitado”, defende Nuno Botelho.
“Se pensarmos naquilo que é a realidade habitual da CDU, que há anos é uma coligação, aparece sempre o secretário-geral do PCP e esse é o princípio que deve nortear os debates”, acrescenta o jurista e empresário no habitual comentário semanal no programa 'Manhã, Manhã', da Renascença.
Confrontado com o argumento da direção de campanha da AD, que invoca o facto de, em 2015, Passos Coelho ter sido substituído por Paulo Portas num debate em que a CDU foi a debate com Heloísa Apolónia d’ Os Verdes, em vez de Jerónimo de Sousa, do PCP, Botelho lembra que “aí foi uma exceção para os dois lados, que fez sentido”.
O presidente da Associação Comercial do Porto diz que tentar aproveitar essa circunstância de 2015 para alterar, em 2024, o que ficou acordado entre as três estações de televisão e os candidatos às legislativas de março foi um episódio "desnecessário”, até porque "Luís Montenegro tem estado bem”.
Exemplo disso, na opinião de Nuno Botelho, é o desempenho do líder social-democrata no debate que teve com Mariana Mortágua, do Bloco de Esquerda: “muito bem preparado, com um grande sentido de Estado” perante uma opositora que “também esteve bastante bem”.
Entretanto, nas últimas horas, a AD recuou na intenção de levar Nuno Melo aos debates com Paulo Raimundo e Rui Tavares.
Contactada pela Renascença, fonte da coligação confirma que Luís Montenegro será o rosto da Aliança Democrática em todos os debates televisivos que estão agendados.
PS chumba AD nos Açores. “Se Bolieiro cair, será recompensado”
Já sobre o clima político nos Açores, após as eleições regionais de há uma semana, Nuno Botelho antecipa “alguma instabilidade” no curto prazo, mas acredita que “Bolieiro não vai ceder à chantagem do PS” e “deixou claro que não iria fazer coligação com o Chega”.
Dessa forma, o líder regional dos Açores poderá estar disposto a sacrificar a sua própria governação nos Açores em nome das eleições nacionais de 10 de março.
Desse ponto de vista, Botelho considera que José Manuel Bolieiro "está a ver a longo prazo e bem”.
"Se por algum motivo o Governo cair, Bolieiro será recompensado, porque o povo não gosta deste tipo de bravatas e já percebeu que o PS só está a fazer isto nos Açores, porque recebeu um recado de Lisboa”, admite.
Se não o fizesse, "Pedro Nuno Santos iria ter uma campanha muito penosa, porque toda a gente iria dizer que, em caso de vitória relativa da AD, o PS iria ter de dar a mão, para não haver uma coligação com Chega”.
Contudo, o presidente da Associação Comercial do Porto diz que isso nem deverá ser um problema, porque “Luís Montenegro já deixou bem claro que não o irá fazer”
Norte da semana
Airbus reforça investimento em Portugal. “Tantas vezes, temos falado em investimento estrangeiro, em criação de marcas, em agarrar investimentos. Esta é uma boa oportunidade. A Airbus prevê reforçar o investimento na fábrica, que abriu em 2022 em Santo Tirso, contratando 100 pessoas por ano e concentrando 25% da sua produção total até 2026. É um excelente exemplo de como Portugal pode ser competitivo a nível europeu nesta estratégia de reindustrialização. Temos know-how, temos infraestruturas, temos tecnologia e paz social. Agora, deveríamos olhar para a desburocratização dos processos e para a fiscalidade. Era fundamental”.
Desnorte da semana
Polícias e bombeiros em protesto. “A opinião pública está muito do lado dos polícias, mas os políticos não foram sensíveis ao longo dos anos a estas questões. Os polícias vivem em condições muito difíceis, os bombeiros também e, portanto, é com grande preocupação que vejo isto. Um completo desnorte”.