O ministro da Agricultura não acredita na suspensão dos fundos europeus. Capoulas Santos reagia, esta quarta-feira, à carta do ministro das Finanças aos eurodeputados a apontar os efeitos da medida sobre a economia portuguesa.
"Não acredito. Fui deputado europeu durante dez anos. Conheço razoavelmente o funcionamento do Parlamento Europeu e não creio que deste possa sair uma decisão lesiva para Portugal. Naturalmente compreendo o apelo do meu colega de Governo aos deputados para as consequências negativas que uma tal decisão poderia acarretar, mas estou muito confiante de que isso não vai acontecer", explicou.
Para 2017, o ministro da Agricultura conta assegurar no Orçamento do Estado as verbas necessárias para executar de novo na totalidade o Programa de Desenvolvimento Rural. Capoulas Santos acrescentou que neste momento Portugal tem "mais de 28 mil projectos" candidatos aos fundos comunitários geridos para a agricultura, estando já decididos 10 mil, o que corresponde um investimento superior a mil milhões de euros, frisou.
"Creio que a agricultura, apesar de problemas pontuais que sempre existem, atravessa um bom momento, e a prova disso é que é um sector que está a crescer a um ritmo que é o dobro do resto da economia", disse ainda Capoulas Santos à margem da conferência do 2.º Roteiro 2020 para a Agricultura Portuguesa, que decorre esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Sobre o protagonismo que o Bloco de Esquerda tem tido nas notícias que envolvem o próximo Orçamento do Estado, Capoulas Santos lembra que no final todos terão de fazer concessões para um compromisso político.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, dirigiu uma carta aos eurodeputados alertando que uma suspensão de fundos europeus, mesmo que parcial e temporária, teria efeitos mais danosos para a economia portuguesa do que a aplicação de uma multa.
Entre outros argumentos, o Governo português lembrou que, ao tomar uma decisão, a Comissão "deverá também ter em conta a situação económica e social dos países, sendo que Portugal continua com uma taxa de desemprego acima da média europeia, assim como o impacto na economia", que, assinalou o ministro, seria "forte", pois "afectaria a confiança e os planos de investimento, muitos dos quais dependentes dos fundos comunitários".
O comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, já afirmou que a Comissão Europeia pode levantar a suspensão dos fundos estruturais se o Governo português cumprir as metas orçamentais e apresentar "finanças saudáveis".