Nem sempre quem tem mais votos governa. Conheça alguns casos na Europa
09-10-2015 - 21:14
 • Carlos Calaveiras

Em Portugal ainda se procura Executivo, as reuniões sucedem-se, mas pela Europa já se encontraram soluções que, à primeira vista, pareciam improváveis.

As legislativas de domingo não deram maioria absoluta a nenhum partido ou coligação. PSD e CDS ganharam as eleições e já assinaram um acordo de Governo, mas só isso não chega para aprovarem, sozinhos, leis no Parlamento. À esquerda, PS, Bloco de Esquerda e PCP, juntos, têm maioria absoluta. Estão em conversações, mas o acordo parece improvável.

Historicamente, em Portugal governa o partido que tem mais votos, mas desta vez há quem pondere uma grande e inédita coligação de esquerda.

Esta solução “alternativa” nunca foi tentada por cá, mas é solução habitual noutros países europeus.

Por exemplo, no Luxemburgo, há um caso que até poderia ser decalcado da situação portuguesa. O Partido Democrata do actual primeiro-ministro, Xavier Bettel, ficou em terceiro lugar nas últimas legislativas.

Os resultados oficiais deram mais uma vitória ao Partido Popular Social Cristão, que obteve 33,7% dos votos e 23 deputados. Apesar disto, o Partido Socialista dos Trabalhadores do Luxemburgo (20,3%), o Partido Democrata (18,3%) e Os Verdes (10,1), entenderam-se e conseguiram uma maioria para formar Governo.

Já na Bélgica, o primeiro-ministro Charles Michel é do partido MR, que teve 9,64% dos votos, e foi o quinto mais votado nas legislativas. O N-VA ganhou com 20,36% dos votos, seguido do PS (11.67%), CD&V (10.85%), Open VLD (9.78%) e só depois o MR.

Por sua vez, na Dinamarca há muitos anos que não há governos maioritários de um só partido e o primeiro-ministro Lars Løkke Rasmussen é do terceiro partido mais votado. O Partido Liberal teve apenas 19,5% e 34 deputados em 179, numas eleições vencidas pelo Partido Social-Democrata, com 26,3% e 47 deputados.

Na Noruega governa Erna Solberg, do Partido Conservador, depois de uma vitória nas eleições do Partido Trabalhista (liderado por Jens Stoltenberg). Os conservadores tiveram nesse acto eleitoral 26,8%, contra 30,8% dos trabalhistas.

Na Letónia, Laimdota Straujuma é a primeira-ministra. Governam três partidos e nenhum ficou em primeiro nas eleições.