O grupo parlamentar PSD não respondeu ao presidente da Assembleia da República sobre os deputados que considerava prioritários para a lista de vacinação, apesar de ter pedido aos deputados que, um a um, manifestassem à direção da bancada a sua preferência.
Este sábado, a direção do partido divulgou os deputados que não querem ser vacinados. Dos 19 inicialmente indicados na lista do Parlamento, ficam sete.
Vários deputados garantem à Renascença que responderam que não queriam entrar na lista, mas essa informação não terá sido comunicada ao gabinete de Ferro Rodrigues.
A Assembleia da República acabou por enviar, na noite de sexta-feira, uma lista com 50 nomes ao gabinete do primeiro-ministro, com os critérios que tinham ficado definidos na conferência de líderes de quarta-feira, esclarecendo que não houve qualquer oposição manifestada por parte do PSD aos critérios fixados.
Nesse documento, inclui-se o próprio Ferro Rodrigues, seguido do líder do PSD, Rui Rio, enquanto responsável pelo maior partido da oposição, mas também os vice-presidentes, secretários da mesa, líderes parlamentares e presidentes das comissões parlamentares, membros da comissão permanente e do conselho de administração.
Na lista estão 19 deputados do PSD, mas a direção do partido veio esclarecer, este sábado, que 12 recusaram, incluindo Rui Rio.
Na lista ficam António Topa e Fernando Ruas (ambos presidentes de comissões), Duarte Pacheco (secretário da mesa) e Lina Lopes (vice-secretária da mesa) e os três deputados da comissão permanente da Assembleia: António Maló de Abreu, Carlos Peixoto e Isabel Meireles. A comissão permanente é o órgão da Assembleia que funciona em caso de suspensão dos trabalhos parlamentares.
A Assembleia da República rejeita a responsabilidade, uma vez que não foi informada dessa rejeição, mas fonte parlamentar manifesta à Renascença alguma surpresa pelo anúncio agora feito pela bancada. O PCP e o Bloco de Esquerda anunciaram as suas escolhas logo na sexta-feira, antes de ser enviada a lista.
Na quarta-feira, o presidente do PSD pediu “equilíbrio” e “bom senso” na definição dos políticos que serão vacinados de forma prioritária, e disse que aceitaria a vacina se existisse um “consenso”, apesar de não se considerar um caso "nevrálgico". Disse ainda que se a vacinação fosse decidida por “consenso” não diria que cede a sua vacina “só para fazer um brilharete” Rui Rio parece ter mudado de opinião ao estar na lista de deputados que recusam ser vacinados no âmbito da vacinação dos órgãos de soberania.
Na reunião do grupo parlamentar do PSD, a questão das vacinas já tinha dado azo a alguma confusão, com críticas de populismo dirigidas a dois deputados: Cristóvão Norte e Ricardo Baptista Leite, que fizeram saber publicamente que rejeitavam a vacina por não serem grupo de risco (no último caso, o deputado Baptista Leite esteve, aliás, recentemente infetado com Covid-19).