No Explicador Renascença desta sexta-feira, falamos do alegado conflito entre o ministro dos Negócios Estrangeiros e chefias militares.
Paulo Rangel diz que não insultou ninguém, e que essa ideia é completamente falsa. As Forças Armadas não se pronunciam, mas, de acordo com o Presidente da República, "minimizaram o problema" ocorrido com o ministro.
Que problema é este de que tanto se fala, mas que ninguém confirma?
É uma situação que terá acontecido no passado dia 4, na chegada a Lisboa de 41 pessoas retiradas do Líbano.
De acordo com vários meios de comunicação o ministro dos negócios estrangeiros terá exigido ir à placa de estacionamento dos aviões, no aeroporto militar de Figo Maduro, para receber pessoalmente o grupo de repatriados. Mas terá sido impedido pelos militares de sair da zona VIP e entrar na área reservada, autorizada, apenas, a jornalistas, assessores e membros da Força Aérea.
E foi essa recusa que terá levado à exaltação de Paulo Rangel. Segundo testemunhas, o ministro terá gritado que estava a ser retido quando é ministro de Estado e terá ainda insultado dois militares que lhe barraram o caminho, a quem chamou, segundo os relatos, “burros” e “camelos”.
Há registo desses insultos?
Não. O que há são imagens do momento em que o comandante da base, coronel Abel Oliveira, tentou cumprimentar Paulo Rangel, mas foi ignorado, ficou com a mão no ar, num gesto que foi filmado pelas câmaras presentes.
Segundo outras fontes, citadas, pela imprensa o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Cartaxo Alves, interveio para acalmar os ânimos, lembrando o ministro de que aquele não era local para ter aquela atitude.
Depois do incidente, o ministro apareceu mal disposto?
Pelo contrário. Minutos depois, quando falou depois de receber o grupo de portugueses retirados do Líbano, Paulo Rangel pareceu recomposto e até elogiou publicamente o trabalho da Força Aérea, como se nada se tivesse passado.
O caso já chegou ao Presidente da República?
Sim. Marcelo Rebelo de Sousa, que convém lembrar é comandante supremo das forças armadas, foi confrontado pelos jornalistas com este episódio e esclareceu que falou tanto com o Governo como com as Forças Armadas e ambos "minimizaram o problema".
Já o Primeiro-ministro mantém “total confiança” no chefe da diplomacia. E mais, Luís Montenegro que garante conhecer o caso “com minúcia” (foi a expressão que usou), diz que é uma “tonteria” criar um caso à boleia de “imprecisões”.
Entretanto PS e Chega apresentaram requerimentos para que Paulo Rangel preste esclarecimentos no Parlamento sobre as alegadas ofensas dirigidas a elementos das Forças Armadas... com os socialistas a considerarem que - a ser verdade - é uma conduta de extrema gravidade, que não é própria de um ministro de Estado.
O ministro demente tudo?
Sim. Depois de muitos dias de silêncio sobre o caso, esta sexta-feira garantiu que é "absolutamente falso" que tenha exigido acesso a um "lugar não seguro" em Figo Maduro. Garantiu também que "não houve insultos, impropérios ou ofensas" às chefias militares.
Paulo Rangel diz que "são factos absolutamente falsos", garantindo, no entanto, que "o incidente ficou resolvido logo na altura”. Ou seja desmente o caso mas confirma que houve um incidente.