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Apesar de na rua de Santo António, a principal da cidade de Chaves e onde se concentra grande parte do comércio, circularem várias pessoas, o comércio permanece vazio. “As pessoas passam, veem as montras, mas não entram”, lamenta Nuno Dias.
As montras da sapataria estão apelativas, mas, pelos vistos, isso não é o suficiente para convencer os clientes que estarão “mais preocupadas com a saúde do que em comprar sapatos”.
“As pessoas estão reticentes, têm medo”, afirma o comerciante que garante cumprir todas as regras de segurança. Além de estar de máscara, também disponibiliza aos clientes “máscaras, luvas, gel e meias plásticas", e no estabelecimento só entra “uma pessoa de cada vez”.
Nuno Dias tem uma empregada em "lay-off" parcial, pelo que no estabelecimento só estará uma pessoa a atender. “Combinámos fazer horários alternados, para uma maior segurança de todos”, conta à Renascença.
O comerciante refere que o tempo de encerramento representa a perda de “muito dinheiro” e não acredita que vai conseguir recuperar o prejuízo. “Comparando com as vendas do ano anterior, perdi muito dinheiro, muito mesmo. E não acredito que seja possível recuperar, mas cá estamos para ver o que isto dá”, afirma.
À espera dos clientes está também Augusto Covas. A loja está recheada de produtos de têxtil lar, mas esta manhã só ainda teve um cliente. “Levou um par de meias”, conta o comerciante, referindo que as pessoas “até têm medo de sair à rua”.
Augusto está ao balcão de viseira e máscara, tal como a empregada, porque, diz, “é fundamental protegermo-nos e proteger os outros”. “E aqui só entram duas pessoas de cada vez”, garante.
Para o comerciante, o tempo de encerramento foi sinónimo de “muito prejuízo”. Um prejuízo, frisa, que “não será possível atenuar, porque vai demorar muito tempo até que as pessoas ganhem confiança para regressarem ao comércio local”.
Já Adília Fontinha, proprietária de uma papelaria, fala de “uma grande tristeza abrir a porta e não ter clientes”. “É muito triste, nem tenho palavras. Primeiro em casa com o negócio fechado e agora com o negócio aberto e sem ninguém”, descreve.
Adília teme pelo futuro e antevê dias difíceis para o seu negócio. “Vamos ter que fechar. Isto não se aguenta sem apoios. As despesas são certas e se não fizermos dinheiro, é impossível manter as portas abertas”, afirma.
Adília Fontinha conta que “mensalmente paga de água 19,60 euros, 60 e tal euros de luz, 200 euros de renda e mais as despesas com o contabilista e as finanças”, reiterando que, “sem clientes, não é possível assegurar tudo isto”. Aliás, a comerciante, ainda não conseguiu pagar a renda do mês passado. “O negócio já estava podre, já estava num caos. Agora ainda vai ser pior”, desabafa.
Esta segunda-feira é o primeiro dia do plano de desconfinamento anunciado pelo Governo, na quinta-feira. O país entra em estado de calamidade, depois de um mês e meio em estado de emergência. Já é possível ao pequeno comércio de rua abrir portas. Saiba aqui o que muda esta segunda-feira.