O presidente da APAF (Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol) não contém a indignação face às "situações recorrentes de ameaças e de invasão do espaço pessoal dos árbitros" que se têm verificado, de forma crescente, nos últimos tempos.
Em entrevista à Renascença, Luciano Gonçalves, à luz das ameaças recebidas por Luís Godinho após o Braga-FC Porto, entende que é tempo estancar este tipo de episódios que "vão para lá do julgamento da competência dos árbitros e entram na esfera da pessoas, do ser humano, do homem".
"Isto é de terceiro mundo", condena, reforçando a que repugna este tipo de situações que "acontecem repetidamente no nosso futebol".
O presidente da APAF defende uma intervenção urgente dos responsáveis da arbitragem nacional. Centrando-se no jogo entre Braga e Porto, em que a decisão de Luís Godinho em expulsar Luis Diaz após intervenção do VAR, Hugo Miguel, foi o momento determinante da partida, Luciano Gonçalves reclama um esclarecimento público das regras para que "as pessoas percebam o que é transmitido aos árbitros".
Esclarecimento urgente
"É importante que os responsáveis da arbitragem expliquem duas coisas: qual é a indicação que existe para que aqueles lances sejam analisados daquela forma, e se assim for o árbitro esteve bem; ou explicar que as indicações não são essas, e aí o árbitro errou. É importante que o público em geral perceba quais são as diretrizes que os árbitros recebem do Conselho de Arbitragem, do IFAB [International Board, órgão responsável pela revisão das regras do jogo], da FIFA e da UEFA", defende.
Esse esclarecimento é urgente, reforça o presidente da APAF, "não só para defesa dos árbitros, mas para a defesa do futebol". "É importante falarmos mais", acrescenta, sobretudo "numa fase em que as pessoas estão muito tempo em casa ligadas às redes sociais".
"Qualquer ausência de informação faz com que as redes inflamem", conclui.
Luís Godinho ameaçado de morte
O árbitro Luís Godinho recebeu ameaças de morte, após o Braga-FC Porto, e a situação já está a ser investigada pelas autoridades. O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol informou que os contactos dos árbitros "voltaram a ser disponibilizados nas redes sociais".
Após o jogo, Pinto da Costa veio apelar à serenidade dos adeptos e ao fim das provocações que, no seu entender, têm sido dirigidas ao clube.
O presidente do FC Porto apreciou o trabalho do VAR Hugo Miguel, em particular no lance que resultou na expulsão de Luis Diaz. O colombiano atingiu David Carmo, de forma involuntária, que se lesionou com gravidade.
O árbitro, após ver a as imagens, decidiu expulsar o colombiano. Os protestos dos responsáveis do FC Porto foram visíveis e audíveis. O juiz alentejano chegou mesmo a dirigir-se ao banco para explicar a Sérgio Conceição os motivos que o levaram a mostrar vermelho a Diaz.
Luís Godinho acabaria, ainda, por expulsar Uribe, após agressão a Esgaio, e Luís Gonçalves, dirigente dos portistas, por excesso nos protestos. O jogo, relativo à 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal, terminou empatado a uma bola. Taremi marcou na primeira parte e Fransérgio empatou para lá dos 90.