O Brasil, que abriga 60% da floresta da Amazónia, vai assinar um importante acordo internacional para a preservação das florestas na 26.ª cimeira das Nações Unidas sobre alterações climáticas (COP26), informou esta sexta-feira fonte diplomática brasileira.
O "Forest Deal" (Acordo Florestal) é um dos principais temas da COP26 que será realizada em Glasgow, na Escócia, de domingo a 12 de novembro.
"Já confirmamos a nossa adesão. Isso mostra, mais uma vez, a nova postura de um Brasil comprometido com os temas do desenvolvimento sustentável e, mais especificamente, com as mudanças climáticas", disse Paulino Franco de Carvalho Neto, secretário do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, citado pela agência France-Presse.
"O Brasil espera que as maiores economias do mundo também façam esforços, principalmente na redução do uso de combustíveis fósseis, principal causa do aquecimento global", acrescentou.
Espera-se que o acordo sobre a conservação da floresta estabeleça metas globais claras para reduzir a desflorestação e a degradação dos solos até 2030.
Na quinta-feira, um relatório do Observatório do Clima, uma rede de organizações ambientais sem fins lucrativos, mostrou que as emissões de gases de efeito estufa aumentaram 9,5% num ano no Brasil em 2020, apesar da pandemia da Covid-19.
Ao mesmo tempo, a média mundial caiu 7% devido, em particular, à redução do tráfego aéreo e da produção industrial devido à crise sanitária.
Segundo o relatório, essa exceção brasileira deve-se ao "aumento da desflorestação, principalmente na Amazónia, que colocou o país na contramão do resto do planeta".
Desde o início do mandato do Presidente Jair Bolsonaro, em 2019, a Amazónia brasileira perdeu cerca de 10.000 quilómetros quadrados de floresta por ano, o equivalente à superfície do Líbano, contra 6.500 quilómetros por ano na década anterior.
Bolsonaro, no entanto, anunciou em abril que o Brasil está empenhado em erradicar todo a desflorestação ilegal até 2030.
Na segunda-feira, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, garantiu que o Brasil vai usar, em Glasgow, "as armas da diplomacia" para defender os seus interesses na Amazónia e negociar "para que o país seja compensado" no combate à desflorestação.
Jair Bolsonaro estará ausente da COP26, apesar de se ter deslocado à Europa para a reunião do G20 neste fim de semana em Roma.