Uma semana depois de ter estado em Portalegre, na qualidade de secretário-geral do Partido Socialista, onde garantiu que existem “as verbas necessárias para fazer a barragem do Pisão”, António Costa regressa ao distrito alentejano, que apenas elege dois deputados, para “honrar” a palavra dada, mas agora como primeiro-ministro.
Esta sexta-feira, António Costa preside à cerimónia de apresentação, no Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, do Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato, mais conhecido como Barragem do Pisão.
Inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o Governo assina o contrato de financiamento com a Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), onde vai estar, também, a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
“Este é um dos maiores investimentos alguma vez realizados no Alto Alentejo e um projeto estruturante para o desenvolvimento e coesão do território”, destaca a CIMAA, numa nota enviada à Renascença, onde descreve o “empenho” dos autarcas da região “na identificação do projeto” e na “mobilização para a sua realização.”
O novo empreendimento “promete beneficiar cerca de 110 mil pessoas nos 15 municípios de todo o Alto Alentejo” e será construído “com um investimento de 120 milhões de euros do PRR.”
Com seis décadas de atraso
O projeto inicial data dos anos 40 (século XX) e teve os primeiros estudos em 1957. Se tudo acontecer como se prevê, poderá finalmente avançar, para responder “a uma necessidade da região.”
Há pelo menos seis décadas que a aldeia do concelho do Crato, com o mesmo nome e com menos de 100 habitantes, ouve falar deste empreendimento, tendo em conta que a sua construção, implicaria que a localidade ficasse submersa.
As promessas e anúncios de vários governos para a construção da barragem, que não chegaram a concretizar-se, fazem do dia de hoje um dia expetativa, atendendo à sua importância para um dos territórios mais despovoados do país.
Segundo a CIMAA, o principal objetivo da reserva hídrica “é garantir a disponibilidade de água para consumo urbano numa região com carências” a esse nível, mas também “reconfigurar a atividade agrícola e criar oportunidades para novas atividades económicas, nomeadamente ao nível da agricultura, do turismo”, e no setor da energia, “com a construção de uma central fotovoltaica flutuante de 150 megawatts.”
No âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência entregue pelo Governo à União Europeia, o Aproveitamento Hidroagrícola de Fins Múltiplos do Crato vai receber 171 milhões de euros para a sua construção, contando com a central fotovoltaica.
O documento refere que a barragem do Pisão “permite garantir uma reserva estratégica de água que poderá constituir uma alternativa de abastecimento público (às populações do distrito de Portalegre) e permitir o estabelecimento de novas áreas de regadio”, além de ser “uma resposta para situações de risco, em particular para enfrentar situações de seca extrema.”
Além destas mais valias apontadas, é destacado o seu potencial para “aproveitamento turístico, através da diversificação de oferta num território caracterizado pela riqueza ambiental, patrimonial e cultural” possibilitando a criação de um espelho de água de dimensões consideráveis e com zonas morfologicamente diferentes de caracter turístico, lúdico e recreativo.”
Segundo o cronograma submetido à Comissão Europeia, as obras deverão estar terminadas em 2025 e os projetos e estudos detalhados devem ser concluídos até ao final deste ano. Está, ainda, prevista para 2022 a emissão da Declaração de Impacte Ambiental, bem como o estaleiro e os trabalhos preparatórios, incluindo a abertura de acessos.