O líder da Iniciativa Liberal (IL) foi este domingo de manhã ao Palácio de Belém para denunciar que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está em "permanente situação de emergência".
À saída da audiência com o Presidente da República, Rui Rocha destacou que o SNS está a desabar como um castelo de cartas.
"Parece quase que estamos perante um castelo de cartas que está a desabar, mas que está a desabar com consequências", sublinhou o líder da IL.
"As consequências são as muitas dificuldades de acesso que os portugueses têm hoje àquilo que deviam ser prestações básicas dos serviços de saúde, as urgências. O comportamento normal do SNS passou a ser um comportamento de emergência, uma situação de emergência permanente."
“A mensagem que passamos é: ou António Costa é capaz, no imediato, de resolver estas questões ou então o país tem um problema para resolver e esse problema chama-se António Costa. Uma mensagem muito clara que quisemos deixar ao senhor Presidente da República”, disse Rui Rocha aos jornalistas à saída do encontro com a comitiva da IL, que demorou cerca de uma hora.
O líder da IL fez questão de agradecer ao Presidente da República o facto de ter aceitado este “pedido de audiência urgente” e ser recebido ao “domingo de manhã”.
“Creio que isso testemunha a própria preocupação que o senhor Presidente da República tem relativamente a estas matérias, preocupação que foi partilhada no decurso desta conversa e também esta visão de que estes fenómenos que estão a acontecer são fenómenos que se não houver uma intervenção estrutural no sistema vão-se repetir”, afirmou.
Responsabilizando, mais do que uma vez, o primeiro-ministro socialista por esta situação, Rui Rocha reiterou a “visão estrutural” que o partido tem para a saúde e recordou a proposta de uma nova Lei de Bases da Saúde recentemente discutida no parlamento, considerando que este problema já não se soluciona “com remendos”.
“Ouvimos ainda ontem [sábado] o diretor executivo do SNS dizer ‘vamos trabalhar em rede’. O que é que estas pessoas andam a fazer? É preciso chegar quase ao colapso do SNS para se lembrarem que a forma de gestão corrente, normal é trabalhar em rede?”, criticou, questionando o que “andam a fazer” o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, e o próprio Fernando Araújo.
O líder da IL questionou ainda qual é a visão do PS para o SNS, considerando que passa por “remendar aqui, discutir ali, empurrar com a barriga”, mas também a dos sociais-democratas: “qual é a visão do PSD para o SNS? Alguém conhece? Ninguém conhece”.
“Os outros partidos estão a gerir taticamente e do ponto de vista da agenda política os seus interesses. Não é isso que nos preocupa”, criticou.
O encontro de Rui Rocha com Marcelo Rebelo de Sousa acontece um dia depois de o presidente da IL ter pedido ao chefe de Estado uma audiência urgente para debater o estado do SNS, numa altura em que mais de 20 hospitais têm serviços condicionados pela falta de médicos, que se recusam a fazer horas extraordinárias para além das que estão estipuladas por lei.
Na carta enviada a Belém, a que a Renascença teve ontem acesso, Rui Rocha sublinha que o Governo já deu provas de que não está à altura de responder aos problemas que os portugueses enfrentam no acesso a cuidados de saúde.
"Infelizmente, o atual Governo já deu provas cabais de não estar à altura de dar resposta às necessidades dos portugueses neste domínio específico, que precisam urgentemente de uma mensagem de esperança e de uma alternativa ao caos a que António Costa tem vindo a votar o SNS."
[atualizado às 13h37]