A comissão NATO-Ucrânia reúne esta quinta-feira para discutir a explosão e a consequente destruição parcial da barragem ucraniana de Kakhovka (sul) que já obrigou a retirada de milhares de pessoas devido às inundações registadas na zona.
A reunião foi anunciada na quarta-feira pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que confirmou na mesma ocasião a participação, por meios virtuais, do ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba.
Cerca de 5.900 pessoas foram retiradas das zonas inundadas, segundo a última atualização das autoridades ucranianas e russas.
O jornal Kiev Independent cita o autarca exilado de Oleshky, na região de Kherson, que informa que três pessoas morreram, na sequência das inundações.
Zelensky diz ser impossível determinar número de vítimas
Na sua habitual comunicação noturna, o Presidente ucraniano disse ser impossível prever o número de vítimas e apelou a ajuda humanitária.
“O que é necessário agora é uma resposta clara e rápida do mundo àquilo que está a acontecer. É mesmo impossível determinar quantas pessoas, no território temporariamente ocupado da região de Kherson, poderão morrer sem socorro, sem água potável, sem alimentos e sem cuidados medicos”, declarou.
Volodymyr Zelensky instou, em concreto, o apoio das organizações internacionais humanitárias, referindo que os militares e os serviços de socorro ucranianos “estão a salvar o maior número possível de pessoas, apesar dos bombardeamentos”, acrescentando que "são necessários esforços em larga escala”.
Precisamos que organizações internacionais, como o Comité Internacional da Cruz Vermelha, se juntem imediatamente às operações de resgate”, sublinhou.
A barragem de Kakhovka situa-se na região de Kherson, anexada pela Rússia, mas as forças ucranianas controlam a parte situada na margem direita do rio Dniepre e as tropas russas a margem esquerda.
A Ucrânia acusa a Rússia de a ter feito explodir a barragem, no entanto, Moscovo devolve as acusações.
Efeitos ambientais são "avassaladores"
Para Francisco Ferreira, presidente da Associação Ambientalista Zero, o impacto ambiental que se pode esperar é "avassalador", "para além dos dramáticos danos materiais e pessoais da zonas alagadas."
Francisco Ferreira admite haver igualmente consequências no Mar Negro, "com muitos dos sedimentos a serem arrastados". "Agora temos realmente uma dimensão ambiental muito maior naquilo que é o sul da Ucrânia afetada pela destruição desta barragem", diz.
Para além da Ucrânia, também a Europa vai sentir os efeitos deste ataque, "quer do ponto de vista económico e do ponto de vista ambiental, porque efetivamente as zonas irrigadas correm um sério risco de ser tornarem potenciais desertos", explica o presidente da Zero.