D. Manuel chega ao fim da cimeira sobre abusos sexuais e proteção de menores convencido de que “todos temos de trabalhar a sério, porque isto é um problema global e tem de ter uma solução global.”
O Patriarca, que acredita que a cimeira, que este domingo terminou em Roma, marca uma nova forma de trabalhar por parte da Igreja Católica.
Em conversa com jornalistas, já depois do discurso final do Papa Francisco, D. Manuel sublinhou o caráter inédito deste encontro. “O Papa fazer uma reunião assim, para resolver um problema grave, chamando não apenas os responsáveis da Igreja, chama homens, chama mulheres, religiosas, mães de família, chama as próprias vítimas, e todos em conjunto, durante estes dias, com toda a franqueza, vemos o problema, isto é um exercício de Igreja no seu melhor.”
Referindo-se ao discurso final do Papa, em que Francisco apresentou oito orientações para combater o flagelo dos abusos dentro e fora da Igreja, o Patriarca de Lisboa diz que deve ser lido por toda a sociedade.
“O Papa faz uma análise exaustiva da problemática dos abusos de menores, na sociedade, na Igreja, nas culturas, nas comunidades religiosas, nas famílias, com dados quantitativos e com informações específicas extraordinárias. É também um grande serviço que o Papa acaba por prestar a todos nós, porque somos membros da Igreja, no nosso caso, e membros da sociedade, e em todos estes âmbitos devemos ser responsáveis e corresponsáveis. Também no campo mediático, o que ele diz, acerca desta avalanche pornográfica, é uma análise muito exaustiva para todos nós, em todos os âmbitos eclesiais, familiares, escolares, educativos.”
Em termos de medidas concretas, o Patriarca acredita que ainda antes da reunião plenária da Conferência Episcopal, em abril, haverá novidades, com orientações de Roma que complementem e ajudem a uniformizar a abordagem da Igreja a esta questão, embora não anteveja grandes mudanças em relação ao documento português, que já existe desde 2012.
Quando questionado sobre a possibilidade de haver uma obrigatoriedade de a Igreja informar as autoridades sempre que existe uma suspeita de abusos – como acontece com as normas inglesas e americanas – D. Manuel disse que talvez, mas “contando sempre com as próprias vítimas e com as famílias, não as ultrapassando”.
A cimeira sobre abusos sexuais e proteção de menores durou quatro dias e envolveu 190 participantes. D. Manuel Clemente esteve presente enquanto presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.