Atentados de Bruxelas. Holanda acusa Turquia de negligência
24-03-2016 - 20:09

Governo holandês vai analisar situação e tentar perceber como foi possível um dos terroristas ter passado pelo país duas vezes alegadamente sem aviso prévio.

A Holanda responsabiliza a Turquia por negligência na extradição de um dos bombistas de Bruxelas.

O ministro holandês da Justiça afirma que as autoridades turcas não cumpriram os procedimentos normais quando expulsaram do país Brahim El Bakraoui, um dos suicidas do aeroporto de Zaventem.

Ard van der Steur acusa a Turquia de não ter comunicado a razão pela qual estava a extraditar aquele homem, que regressou à Europa através do aeroporto de Amesterdão.

Esta quarta-feira o Presidente turco afirmou que, em Julho passado, avisou a Bélgica e a Holanda de que estava a expulsar aquele cidadão belga por suspeitar de que se tratava de um radical islamita, além de que o homem estaria em liberdade condicional.

Já o ministro holandês do Interior assegura que vai ser analisado se houve algum problema de comunicação com a Bélgica sobre a expulsão da Turquia, no Verão passado, de Ibrahim el-Bakraoui.

"Não o sabemos, neste momento. Vai-se analisar muito pormenorizadamente para ver o que aconteceu", disse o ministro Ronald Platerk, ao chegar ao conselho extraordinário de ministros do Interior europeus, precisando que esta questão é o tema de uma carta que o Governo holandês vai enviar ao seu Parlamento.

Inquirido sobre como pôde acontecer que os terroristas se passeassem pela Europa sem serem detectados, respondeu: "Vivemos numa sociedade aberta, não num Estado policial. Pode acontecer que as pessoas façam coisas horríveis".

Platerk admitiu que, para descobrir pessoas com planos terroristas, é necessário partilhar informação.

"Estamos juntos - comentou - na defesa do nosso modo de vida, da nossa liberdade, e na luta contra o terrorismo".

Segundo o responsável, o nível de alerta antiterrorista na Holanda, vizinha da Bélgica, é substancial.

É uma "responsabilidade partilhada fazer o que pudermos para defender a nossa liberdade, a nossa democracia e a nossa maneira de viver", acrescentou.

Sobre o espaço sem fronteiras internas de Schengen, o ministro esclareceu que, quando fala de liberdade, inclui também a de viajar dentro da Europa.

"O terrorismo é internacional, por isso, é vital que dentro da Europa estejamos juntos, lutemos contra o terrorismo e partilhemos informação", argumentou.

"Após os terríveis ataques de Paris (que fizeram, a 13 de Novembro de 2015, 130 mortos), foi elaborada uma série de novos planos; o que precisamos de fazer hoje é garantir que serão aplicados", insistiu.

Os atentados em Bruxelas, no aeroporto e no Metro, fizeram, pelo menos, 31 mortos e 300 feridos.