É conhecida a tendência da economia capitalista para criar profundas desigualdades. Esta tendência tem vindo a agravar-se, até porque os impostos sobre os ricos e muito ricos baixaram nas últimas décadas. A Oxfam chamou a atenção do fórum de Davos, que reúne homens de negócios e políticos, para o aumento das desigualdades económicas nos últimos anos, que foi vertiginoso. A Oxfam é uma organização internacional, privada, que combate as desigualdades, a pobreza e as injustiças.
Assim, na última década os mais ricos, 1% da população, arrecadaram quase metade de toda a riqueza gerada. E a riqueza dos multimilionários aumentou mais nos últimos dois anos, com a pandemia e a inflação, do que nos 23 anos anteriores. As alterações climáticas vieram agravar ainda mais as desigualdades.
É chocante a passividade perante um tal agravamento das injustiças na distribuição de rendimentos. Recorde-se que já vieram a lume vários exemplos de milionários que pediram aos seus governos para pagarem mais impostos. Alguns desses pedidos refletiram uma lúcida consciência da injustiça social envolvida nos rendimentos dos muito ricos. Outros terão receado sobretudo uma convulsão social, provocada por essas enormes desigualdades. Mas a maioria dos cidadãos parece alhear-se do problema.
Os políticos não agem para mitigar as desigualdades? Mas os responsáveis pela passividade são também os cidadãos, que não reagem à injustiça. A Oxfam quer que os líderes políticos tributem mais os “super-ricos”. Para que tal aconteça, porém, será necessário que nas democracias surja um forte movimento de opinião pública nesse sentido. Se possível, evitando populismos, que as desigualdades alimentam, sobretudo quando são brutais, como é agora o caso.