O Papa Francisco afirmou, este domingo, que “não há pecado ou fracasso” que “não possam tornar-se ocasião para começar uma vida nova”. No segundo e último dia da viagem apostólica a Malta, o Sumo Pontífice disse, na missa, na praça Granai, que se imitarmos Jesus “não voltaremos a apontar o dedo, mas começaremos a pôr-nos à escuta”, “não descartaremos os desprezados, mas olharemos como primeiros aqueles que são considerados últimos”.
Partindo do episódio bíblico da mulher adúltera, o Santo Padre frisou que a “vida [dela] muda graças ao perdão”.
“Deste caso, aprendemos que qualquer advertência, se não for movida pela caridade e não contiver caridade, afunda ainda mais quem a recebe. Deus, pelo contrário, deixa sempre aberta uma possibilidade e sabe encontrar, todas as vezes, caminhos de libertação e salvação”, disse Francisco, explicando que “os acusadores da mulher estão convencidos que não têm nada a aprender”.
O perigo de entender mal Jesus
Diante de uma assembleia de cerca de 20 mil fiéis, Francisco sublinhou que “para Jesus o que conta é a abertura disponível de quem não se sente perfeito, mas necessitado de salvação”. E deixou um alerta, dizendo que “até na nossa religiosidade, se podem insinuar a traça da hipocrisia e o vício de apontar o dedo”. “Há sempre o perigo de entender mal Jesus, ter o seu nome nos lábios, mas negá-Lo nas obras. E pode-se fazê-lo mesmo quando se levantam estandartes com a cruz”, frisou.
Explicando que “ pelo modo como olhamos para o próximo e como olhamos para nós mesmos”, é possível saber se somos ou não discípulos de Jesus, Francisco disse ainda que “quem julga defender a fé apontando o dedo contra os outros, até pode possuir uma visão religiosa, mas não adota o espírito do Evangelho, porque esquece a misericórdia, que é o coração de Deus”.
Alertando para a necessidade de verificar como olhamos para nós mesmos, declarou ainda que os acusadores da mulher adúltera “são a figura dos crentes de cada época que fazem da fé um elemento de fachada, onde sobressai o aspeto exterior solene, mas falta pobreza interior, que é tesouro mais precioso do homem”.
Esta manhã, o Papa Francisco visitou a gruta de São Paulo, onde rezou, e, antes disso, teve ainda um encontro privado com membros da Companhia de Jesus.
Francisco reza pela Ucrânia
Na recitação do ângelus, que encerrou a Eucaristia desta manhã, o Papa apelou à oração e à solidariedade, perante a “tragédia humanitária” na Ucrânia.
“Rezemos agora pela paz, pensando na tragédia humanitária da martirizada Ucrânia, ainda sob os bombardeamentos desta guerra sacrílega. Não nos cansemos de rezar e ajudar quem sofre”, disse Francisco.
Em Bucha, nos arredores de Kiev, pelo menos 300 pessoas morreram e foram enterradas em valas comuns, segundo o presidente da Câmara local; a cidade, retomada pelas forças ucranianas, tem vários
corpos com as mãos amarradas, alegadamente executados pelos militares
russos.