O artista plástico Artur do Cruzeiro Seixas morreu este domingo no Hospital Santa Maria, Lisboa, aos 99 anos, revelou a Fundação Cupertino de Miranda.
"A Fundação Cupertino de Miranda lamenta profundamente a perda deste vulto da Cultura Nacional, que apoiou e acompanhou ao longo dos anos", lê-se no comunicado que a fundação divulgou no Facebook.
Cruzeiro Seixas, um dos nomes fundamentais do Surrealismo em Portugal, é autor de um vasto trabalho no campo do desenho e pintura, mas também na poesia, escultura e objetos/escultura.
Em outubro tinha sido distinguido com a Medalha de Mérito Cultural, pelo "contributo incontestável para a cultura portuguesa", ombreando, com Mário Cesariny, Carlos Calvet e António Maria Lisboa, como um dos nomes mais revelantes e importantes do Surrealismo em Portugal, desde finais dos anos 1940.
Cruzeiro Seixas, cuja obra está representada em coleções como as do Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Cupertino de Miranda, faria 100 anos a 3 de dezembro.
Artur do Cruzeiro Seixas, nascido na Amadora em 3 de dezembro de 1920, doou a sua coleção em 1999 à Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, onde está situado o Centro Português de Surrealismo e onde está patente uma exposição permanente com as obras do autor.
Atualmente estavam em curso várias iniciativas que assinalariam os 100 anos de aniversário do artista plástico, nomeadamente exposições na Biblioteca Nacional de Portugal e da Perve Galeria, em Lisboa, ambas patentes até dezembro, e a edição da obra poética de Cruzeiro Seixas, iniciada em junho e que se estenderá até 2021.
"O mundo reencanta-se" com a arte de Cruzeiro Seixas
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte do "mestre" Cruzeiro Seixas, o artista plástico que pertenceu a uma geração que "revolucionou o panorama artístico e literário" português.
"Artur do Cruzeiro Seixas, que nos deixou depois de uma vida longa e livre, foi uma figura multímoda da cultura portuguesa. A sua geração, que na década de 1940 aprendeu e transpôs as lições do surrealismo francês, revolucionou o nosso panorama artístico e literário", lê-se numa nota de pesar na página da Presidência.
Marcelo Rebelo de Sousa considera que nas pinturas, desenhos, colagens, objetos e produção poética de Cruzeiro Seixas, "o mundo reencanta-se: é uma vez mais maravilhoso, insólito, fantástico, enigmático".
"É um vivíssimo corpo em metamorfose, com uma 'volúpia da vitalidade' que lhe confere unidade na diversidade, através das décadas e dos diferentes registos plásticos e poéticos", afirma o Presidente da República.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, "as obras de Cruzeiro Seixas, para citar versos seus, 'sabem ler nos mapas mais secretos / e de olhos vendados / o intensíssimo / amor dos relâmpagos'. É esse segredo nunca desvendado, esse amor dos relâmpagos, que devemos a Mestre Cruzeiro Seixas".
[notícia atualizada]