Mantém-se o nível de alerta máximo na região de Bruxelas, que é, esta segunda-feira, uma cidade de contrastes. Apesar do alerta, a capital belga está a reagir, os bruxelenses levantaram-se, decidiram ir trabalhar e estão a levantar-se para deslocar-se aos seus postos de trabalho.
Na Praça Schuman, coração do bairro europeu, o trânsito era compacto à hora de ponta, mas ao mesmo tempo havia um ambiente de tensão: o metro está fechado, tal como os infantários, as escolas, as universidades, muitas lojas e ainda centros comerciais e desportivos. Há 560 estabelecimentos de ensino encerrados, deixando 250 mil crianças e jovens sem aulas.
Bruxelas continua também a ser intensamente patrulhada pela polícia e pelo exército. A investigação prossegue e é muito provável que haja mais operações, já que a polícia fez 16 detenções no domingo, mas não encontrou o homem mais procurado da Europa, Salah Abdeslam, que terá participado nos atentados de Paris. A cidade continua sob ameaça terrorista iminente e as pessoas receiam mais atentados como os da semana passada.
O Conselho da União Europeia aumentou o nível de alerta para laranja. Em comunicado, diz tratar-se de uma medida preventiva. Foram canceladas várias reuniões consideradas não essenciais mantendo-se agendada a do Eurogrupo, na qual participa a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque.
Alguns dos principais jornais belgas e francófonos tomaram uma decisão inédita: suspenderam temporariamente a cobertura das acções policiais em curso. O pedido nesse sentido foi feito pelas autoridades para que os média não revelassem onde é que estão a decorrer essas acções.
As autoridades também pediram à população em geral para não reportar os seus passos nas redes sociais. Foi através do Twitter que a polícia belga pediu ao início da noite de domingo a cidadãos e meios de comunicação social para manterem o silêncio sobre o desenrolar das operações. Na resposta, vários utilizadores da rede social começaram a divulgar fotografias de gatos utilizando a hashtag #Bruxeles.
Também no Twitter, a polícia francesa publicou a fotografia de um homem que acreditam ter sido o terceiro bombista suicida a fazer-se rebentar no Stade de France, pedindo informações sobre o alegado terrorista.
Depois de uma noite de operações contraterrorismo no domingo, o balanço das buscas e detenções é confirmado por Thierry Werts, da procuradoria-geral belga. “A procuradoria federal e o juiz de instrução especialista em questões de terrorismo coordenaram 19 operações de busca na região de Bruxelas.”
“Houve ainda três buscas domiciliárias em Charleroi. Dezasseis pessoas foram detidas. No que se refere aos objectos encontrados e à identidade dos detidos, nesta altura não podemos dar informações. Não foram encontradas nem armas nem explosivos”, nem foi interceptado Salah Abdeslam, reportou o responsável. No decorrer das operações, um homem ficou ferido.
Os detidos vão ser presentes a juiz esta segunda-feira.