O jovem sobrevivente da tragédia na praia do Meco vai falar.
Numa carta enviada à agência Lusa a família do estudante da Universidade Lusófona diz que tal vai acontecer no local certo e perante as instâncias competentes.
A família aproveita ainda para justificar o silêncio do jovem com a necessidade de tempo para o luto e para tentar integrar esta “experiencia dramática que marca e marcará para sempre a sua existência”.
Pela primeira vez, nesta carta, encontra-se uma versão do que terá acontecido naquela noite.
A família esclarece que os jovens não conheciam a zona, realizaram percursos a pé e se deslocaram até à praia.
Chegados ao areal pousaram os objectos que traziam e, conversando, passearam na areia. Acabaram por parar acima da zona de rebentação e vários sentaram-se. Sem que se apercebessem, uma onda, de grandes dimensões, arrastou-os a todos e o desastre aconteceu.
Seis jovens perderam a vida e o sétimo, depois de muito esforço, conseguiu arrastar-se até à areia e, com recurso a um dos telemóveis que tinham ficado junto dos objectos que tinham pousado inicialmente, conseguiu pedir socorro para o 112.
Na carta está patente também alguma revolta. Os familiares queixam-se de “injustiça”, e de “especulação, notícias sem explicitação de fontes credíveis e construídas com base em comentários de quem nada sabe sobre os factos ou mesmo assentes em mentiras claras e contradições óbvias, que apenas criam alarme social”.
A família sublinha que desde o primeiro dia, mesmo em choque, o jovem sobrevivente colaborou com as autoridades dando indicações sobre o que se passou.
A carta não termina sem esclarecer que a audição marcada para dia 21 de Janeiro não aconteceu por uma “alegada amnésia selectiva” do jovem, mas sim foi desmarcada pelas autoridades.