O presidente russo, Vladimir Putin, disse que vai falar com o seu
homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, para exigir que os cereais
ucranianos se dirijam para "os países mais pobres" e não para a Europa.
"Excluindo a Turquia como mediadora, praticamente todos os cereais que saem da Ucrânia não vão para os países mais pobres, mas para a Europa", disse esta quarta-feira Putin.
O presidente russo, que falava durante a sessão parlamentar do VII Fórum Económico Oriental, em Vladivostok, disse que "apenas dois em 87 navios foram para países em desenvolvimento. Sessenta mil toneladas de 2 milhões".
"Vale a pena pensar em como limitar os destinos de exportação de cereais e outros alimentos por esta rota. De certeza que falarei sobre isso com o presidente da Turquia, [Recep Tayyip] Erdogan", disse o líder russo.
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou o Ocidente de quebrar o acordo internacional de Istambul, ao impedir a exportação de cereais e fertilizantes russos através do Mar Negro.
"Os nossos colegas ocidentais não estão a fazer o que nos foi prometido pelo secretário-geral da ONU [António Guterres]", disse Lavrov, numa conferência de imprensa.
O ministro russo acusou os países ocidentais de se recusarem a tomar medidas para "levantar sanções logísticas que obstruem o livre acesso aos cereais e aos fertilizantes (russos) no mercado mundial".
Lavrov sublinhou que Moscovo está a trabalhar com a ONU para cumprir integralmente os acordos alcançados em julho em Istambul, que criaram um corredor marítimo da costa ucraniana - que foi bloqueada pelos russos após a invasão na Ucrânia em 24 de fevereiro - ao Mediterrâneo para a exportação de cereais ucranianos.
O acordo, selado com a mediação do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pressupunha também o fornecimento de cereais e fertilizantes russos através do Estreito de Bósforo.
Várias dezenas de navios com produtos ucranianos partiram dos portos de Odessa, Chornomorsk e Pivdenny, localizados no Mar Negro.
A Rússia sustenta que a sua
capacidade de exportação é muito maior em relação à da Ucrânia, tornando
os seus suprimentos cruciais para evitar uma crise global de alimentos.