A Comissão Europeia pediu esta quinta-feira "transparência" à Polónia, após a Amnistia Internacional ter acusado as autoridades polacas de terem expulsado, de forma ilegal, um grupo de 32 migrantes em situação irregular na fronteira com a Bielorrússia.
De acordo com o relatório da organização não governamental (ONG), elaborado a partir de imagens de satélite e reconstruções digitais do terreno, os migrantes foram forçados a regressar ao lado bielorrusso por guardas polacos armados.
A comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, discutiu hoje o assunto em Varsóvia com o ministro do Interior polaco, Mariusz Kaminski.
Em conferência de imprensa, Ylva Johansson disse que foi "uma reunião boa, aberta e franca".
"Eu puxei pelo assunto [das expulsões]", disse a comissária, que insistiu com o ministro a importância "de haver mais transparência" e sugeriu que a Polónia desse acesso aos meios de comunicação social sobre o que está a acontecer e convidar a Frontex a juntar-se aos trabalhos de vigilância realizadas pela polícia polaca na fronteira com a Bielorrússia.
De acordo com Ylva Johansson, Bruxelas e Varsóvia têm exatamente a mesma opinião sobre a Bielorrússia.
O presidente Alexandr Lukashenko "está desesperado", disse a comissária, que aproveitou para acusar o regime bielorrusso de usar migrantes ligais para "ganhar dinheiro".
"Empurra-os até à fronteira com a União Europeia e deixa-os lá presos", adiantou.
Na conversa com Mariusz Kaminski, que durou uma hora e meia, Ylva Johansson sublinhou ainda a importância de "mostrar que a União Europeia não é a Bielorrússia" e que legislação europeia está a ser cumprida.
"Concordamos que devemos prosseguir o diálogo", disse a comissária.
Neste contexto, indicou, uma delegação da Comissão Europeia deslocar-se-á à Polónia, na próxima semana, para continuar a discussão.
A Comissão Europeia revelou há poucos dias que estava "muito preocupada" com a morte de migrantes na fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia.
Há uma semana, autoridades polacas confirmaram a morte de três iraquianos que tentaram entrar no país provenientes de território bielorrusso, tendo também alegado ter evidências de um outro óbito, mas no lado da Bielorrússia.
Desde o início do mês, a Polónia encontra-se em estado de emergência na fronteira com a Bielorrússia de modo, segundo o governo, a enfrentar uma "guerra híbrida" desencadeada por Minsk, a quem acusam de transportar migrantes em massa para território polaco.
A Polónia também já começou a construir um muro de três metros de altura, há um mês, ao longo da fronteira com a Bielorrússia.