O Papa Francisco refere-se pela primeira vez publicamente à perseguição dos muçulmanos de etnia uighur, na China, num livro cujo conteúdo foi divulgado esta segunda-feira, mas que apenas vai para as bancas no dia 1 de dezembro.
Na obra, redigida em formato entrevista conduzida pelo jornalista britânico Austen Ivereigh, Francisco refere-se aos uighures como um povo “perseguido” a par dos yazidi e dos rohingya. Há anos que ativistas pelos direitos humanos com conhecimento do que se passa na China esperavam por um gesto destes do Papa.
A referência aos uighures – que têm sido alvo de perseguição sistemática por parte da China, incluindo a detenção de mais de um milhão de pessoas em campos de reeducação e a limitação à prática religiosa, chegando ao ponto de proibir cortes de cabelo e barbas consideradas islâmicas – é significativa porque coloca o Vaticano em choque com o regime comunista da China, com a qual a Santa Sé renovou recentemente um acordo sobre a Igreja Católica naquele país.
Ao longo das 150 páginas da obra “Vamos Sonhar Juntos: O Caminho Para Um Futuro Melhor” Francisco diz ainda que a pandemia de Covid-19 devia ser um incentivo para os governos criarem um rendimento básico universal, dizendo que são necessárias alterações económicas, sociais e políticas para abordar as desigualdades depois da crise.
Francisco critica ainda aqueles que se queixam da imposição do uso de máscaras por parte do estado, afirmando que são “vítimas apenas na sua própria imaginação”.