O primeiro-ministro afirmou hoje que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) constitui uma oportunidade para pagar uma dívida com 30 anos a Loures, entregando-lhe uma frente ribeirinha, num discurso em que elogiou o ex-ministro Pedro Nuno Santos.
Esta mensagem foi transmitida por António Costa no discurso que proferiu no final de uma visita que efetuou aos terrenos da JMJ, cujas cerimónias vão decorrer entre 1 e 6 de agosto, em grande parte na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e de Loures.
Num discurso com cerca de 20 minutos, em que lembrou os múltiplos desafios que se colocaram há 25 anos à Expo 98, o líder do executivo defendeu que a JMJ, além de poder deixar um imenso legado material e imaterial, vai constituir também "a grande oportunidade de pagar a grande dívida que a cidade de Lisboa, que a área metropolitana, que o país tem para com o concelho de Loures".
Uma dívida, segundo António Costa, no sentido de "permitir agora ao concelho de Loures passar a ter também uma verdadeira frente ribeirinha de que possa fruir, que possa utilizar e que valorize efetivamente todo esse território" da zona da Bobadela.
António Costa fez mesmo questão de frisar que antes de a jornada começar terá de ser assinado "o auto de cedência do Estado ao município de Loures de toda essa área do território". E alegou que "depois de 30 anos de espera é melhor que fique tudo passado a escrito, devidamente carimbado em notário, para que ninguém tenha alguma vez alguma ideia de não fazer aquilo que está decidido há 30 anos ser feito".
No seu discurso, quando falava sobre a recuperação da zona ribeirinha destinada à JMJ, o primeiro-ministro referiu-se também a quem vive "sempre a ansiedade do dia a dia", recomendando então que "é sempre bom gastar algum tempo para explicar que nada como ter a tranquilidade que a longevidade permite alcançar".
"Quando uma pessoa tem mesmo uma ideia na cabeça e tem mesmo a persistência aguenta 30 anos até a ver concretizada, mas desde que não desista vai mesmo concretizar-se. Portanto, por mim agradeço muito terem-me proporcionado a oportunidade de, finalmente, 30 anos depois, ter podido concretizar uma ideia. E por isso é para mim um momento de uma enorme gratidão poder celebrar os 25 anos da abertura da Expo98 com este testemunho da concretização de uma ideia que na minha cabeça tinha três décadas", disse.
Na sua intervenção, o líder do executivo deixou um elogio ao seu ex-ministro Pedro Nuno Santos, bem como ao ex-presidente das Infraestruturas de Portugal, engenheiro António Laranjo.
Na opinião de António Costa, os dois demonstraram uma "grande determinação no sentido de dar execução à decisão de proceder à remoção do terminal de contentores" da Bobadela.
"Não podemos viver sem um parque de contentores, agora podemos é ter um parque de contentores localizado onde tem de estar localizado. Os contentores saíram, a Galp já retirou o que tinha a retirar e neste momento o parque urbano já está a ser devidamente construído. Já começou mesmo em alguns dos talhões a ser semeado, já a está ser devidamente infraestruturado para o futuro, o passadiço está a ser feito", apontou.
No entanto, para o primeiro-ministro, "mais do que o passadiço, que só permite passar", vão existir "muitos hectares que as pessoas vão poder fruir para fazerem piqueniques, para jogar à bola, para correr, para namorar, para contemplarem o Tejo, para verem a beleza do sapal, para verem as aves, para fruírem".
"E o concelho de Loures vai finalmente ter a sua plataforma ribeirinha devidamente valorizada e devidamente tratada", acrescentou.
Antes da intervenção do primeiro-ministro, falaram na sessão o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão, o coordenador do grupo de projeto para a Jornada Mundial da Juventude, José Sá Fernandes, e o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, o bispo Américo Aguiar.
Ricardo Leão agradeceu ao Governo e à igreja pela escolha do espaço e lembrou, por ocasião do 25º aniversário da inauguração da Expo-98, a importância de o evento na zona do Parque das Nações, O presidente da Câmara de Loures salientou então o impacto que as JMJ podem vir a ter no seu concelho de Loures.
José Sá Fernandes realçou o facto de este ser um terreno "onde não havia luz, água" e que agora permite passeios num "território gigante".
Já o bispo Américo Aguiar caracterizou a decisão de escolher este espaço para as JMJ como um "decisão política arrojada" que o deixou feliz.