O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, confirmou hoje que convocou o Conselho NATO/Rússia para janeiro, em momento de disputa sobre a concentração de dezenas de milhares de militares russos na fronteira ucraniana.
Um funcionário da Aliança Atlântica em Bruxelas tinha revelado, no domingo, que o principal fórum de diálogo entre a NATO e Moscovo estava convocado para 12 de janeiro.
Numa mensagem divulgada hoje na rede social Twitter, Stoltenberg confirmou que solicitou uma "reunião do Conselho da NATO/Rússia para janeiro".
O dirigente acrescentou, na mesma mensagem, que manteve um diálogo com a ministra dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Liz Truss, sobre o "reforço militar contínuo, não provocado e inexplicado da Rússia na Ucrânia e em redor" daquele país.
"As ações da NATO são defensivas e proporcionais e permanecemos abertos ao diálogo", sustentou Jens Stoltenberg, citado pela agência EFE.
O responsável da Aliança Atlântica tem lamentado repetidamente a decisão de Moscovo de suspender a sua missão junto da NATO, bem como o encerramento da representação da Aliança Atlântica em Moscovo, após a retirada de credenciais a oito diplomatas russos por alegada espionagem.
Nos últimos meses, Stoltenberg ofereceu-se várias vezes a Moscovo para retomar o diálogo neste órgão de cooperação criado em 2002, atualmente suspenso devido ao conflito na Ucrânia.
Washington e Moscovo vão reunir-se em 10 de janeiro para debater as questões da Ucrânia e de controlo do armamento nuclear, disse hoje um porta-voz da Casa Branca para os assuntos de segurança.
"Os Estados Unidos têm pressa em iniciar um diálogo com a Rússia", afirmou um porta-voz do Conselho de Segurança norte-americano, citado pela agência de notícias France-Presse.
Além do Conselho da NATO/Rússia, apontado para 12 de janeiro, no dia 13 decorrerá um encontro entre Moscovo e a Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), da qual fazem parte os Estados Unidos, acrescentou a mesma fonte.
Há mais de um mês que os países ocidentais acusam Moscovo de ter concentrado importantes forças na fronteira ucraniana, e alegam que têm em vista uma possível intervenção contra Kiev.
Moscovo negou qualquer intenção bélica e afirmou sentir-se ameaçado "pelas provocações" de Kiev e da NATO, e exigiu que a Aliança Atlântica se comprometa a não estender a presença no espaço da antiga União Soviética.
No sábado, Moscovo indicou que mais de dez mil militares russos tinham regressado às bases, depois de um mês de exercícios no sul da Rússia, nomeadamente perto da fronteira ucraniana.
A Rússia advertiu na segunda-feira que as "provocações" da NATO, que acusou de aumentar consideravelmente a sua presença junto às fronteiras russas em 2021, podem levar num conflito militar.
"Recentemente, a Aliança Atlântica passou à prática das provocações diretas, o que envolve um elevado risco de escalada num conflito militar", declarou Alexandr Fomin, vice-ministro da Defesa russo, durante uma reunião com adidos militares e representantes de embaixadas estrangeiras.
O Presidente russo, Vladimir Putin, afirmou no domingo que irá ponderar várias opções se o Ocidente não corresponder à sua proposta de garantias de segurança que impede a expansão da NATO para a Ucrânia.
No início deste mês, a Rússia propôs à NATO a assinatura de um acordo de garantias de segurança que previna a adesão à organização de países provenientes da ex-União Soviética.