A inflação tem sido um peso na economia, durante os últimos meses, afetando o dia a dia de empresas e trabalhadores.
Um estudo divulgado esta sexta-feira mostra que uma em cada três pessoas foi obrigada a mudar os seus hábitos e cerca de metade não tem poupanças para lidar com a crise se ela se prolongar.
No Explicador Renascença desta tarde, tentamos perceber como é que a inflação e a crise económica têm alterado o estilo de vida dos portugueses.
O que diz o estudo?
As conclusões são do mais recente inquérito do Grupo Euroconsumers - uma organização europeia de defesa do consumidor que congrega organizações de vários países, incluindo a portuguesa DECO.
O inquérito mostra os efeitos da inflação e a consequente subida dos preços com grande impacto na situação económica das famílias.
60 % dos inquiridos admitem que a sua situação piorou ao longo do último ano.
E se, em janeiro do ano passado, 26% chegavam ao fim do mês sem dinheiro, em dezembro essa percentagem para 30%.
Muita gente teve de mudar de hábitos?
Sim, cerca de um terço dos inquiridos fez ajustes em praticamente todos os gastos, seja na alimentação, no consumo de energia, nas atividades culturais e de lazer, nas férias e viagens, e até na Saúde.
Só 1% dos inquiridos diz que não teve de alterar os seus comportamentos.
Onde é que as pessoas poupam mais?
No topo da lista aparece o consumo de energia - o que até tem um lado positivo, porque a esmagadora maioria dos inquiridos mudou para lâmpadas mais eficientes, passou a ter mais cuidado com as luzes ligadas e a tomar duches mais rápidos. No entanto, também tem um lado preocupante, porque mais de metade tem o aquecimento ligado menos tempo, o que, com o tempo frio não é aconselhável.
Nove em cada dez cortaram nas atividades sociais - almoçam e jantam fora menos vezes - e mesmo em casa fazem poupanças na alimentação.
O que se percebe, se pensarmos que o cabaz alimentar aumentou 20% no espaço de um ano.
É qualquer coisa como 35 euros no cabaz de bens essenciais, como o leite, a carne e o peixe.
Depois, a maior parte das pessoas compra menos roupa e acessórios e vai menos a espetáculos culturais: corta nas idas ao cinema, ao teatro e a concertos.
As poupanças acabam mais rápido?
Sim, quase metade dos inquiridos diz que não tem mesmo quaisquer poupanças para lidar com a crise se ela se acentuar ou prolongar.
27% já tiveram de recorrer às poupanças e, entre os que se encontram numa situação mais frágil, um terço já pediu até dinheiro emprestado a familiares e amigos para fazer face a despesas correntes.
Empréstimos dos bancos também aumentaram?
Sim, sobretudo os empréstimos ao consumo.
De acordo com dados divulgados pelo Banco de Portugal, esta sexta-feira, o montante de empréstimos para consumo acelerou ao longo do ano. Depois de ter aumentado 2,4% em 2021, cresceu 6% no ano passado.
Em contrapartida, os empréstimos à habitação cresceram no 3,6% em relação a 2021.