Com a ameaça de uma guerra na Europa de Leste, o mercado agita-se e os preços da energia já refletem esse nervosismo.
Por exemplo, o gás natural TTF (Title Transfer Facility) para entrega em março, subiu 7% no mercado da Holanda, nesta manhã de terça-feira, por volta das 9h30, em Lisboa, para 77 euros por megawatt hora (MWh), devido às tensões crescentes entre a Rússia e a Ucrânia.
A mesma matéria-prima, que na segunda-feira fechou a 71,85 euros, esteve perto dos 80 euros nos primeiros minutos da sessão de hoje.
Esta subida reflete a decisão de Vladimir Putin de reconhecer como independentes as autoproclamadas repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk, na Ucrânia oriental.
Após os máximos históricos no final de 2021, o gás natural não atingiu 100 euros por MWh em qualquer ocasião desde o início do ano, embora os preços atuais sejam quase quatro vezes o preço de 19,3 euros por MWh que custava há um ano.
O elevado preço do gás natural, juntamente com o aumento dos custos de emissão de dióxido de carbono (CO2), é a causa da subida dos preços da eletricidade nos mercados grossistas em toda a Europa.
Também o preço do petróleo Brent para entrega em abril continuou nesta terça-feira a forte tendência ascendente, tendo atingindo 99,01 dólares, mais 3,79% do que no fecho de segunda-feira.
O ouro negro está a subir devido aos receios dos mercados de que a crise entre a Rússia e a Ucrânia possa perturbar o abastecimento de petróleo, uma vez que o país de Putin é o segundo maior exportador de petróleo depois da Arábia Saudita, mas também o maior produtor de gás natural.
Nos EUA, o petróleo WTI (West Texas Intermediate), que não foi negociado na segunda-feira devido ao feriado nacional dos EUA do Dia do Presidente, aumentou hoje mais de 3% antes da abertura oficial do mercado.
Analistas consultados pela Lusa anteciparam em 14 de fevereiro que o preço do barril de petróleo Brent pudesse ultrapassar a barreira dos 100 dólares a curto prazo.
"De facto, existe a possibilidade de o petróleo vir a atingir três dígitos, se o conflito entre a Rússia-Ucrânia se intensificar nos próximos dias e se não surgirem novos desenvolvimentos em torno das negociações", disse o analista Henrique Tomé, da corretora XTB.
Por sua vez, Ricardo Marques, analista da IMF - Informação de Mercados Financeiros, explicou que, aliado à tensão entre a Ucrânia e a Rússia, a OPEP e os seus aliados estão a produzir abaixo do estabelecido nas últimas reuniões.
Assim, a produção dos EUA continua "muito abaixo dos níveis a que se produzia antes da pandemia" e o consumo de combustíveis tem vindo "a subir à medida que as restrições associadas à pandemia vão sendo levantadas", o que está a influenciar o aumento dos preços.