​Marcelo pede aos portugueses que ajudem a salvar a Livraria Barata
29-05-2020 - 16:21
 • Lusa

Presidente da República congratula-se com a notícia de que "a Feira do Livro de Lisboa será no final de agosto, e logo a seguir a Feira do Livro do Porto, no início de setembro".

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O Presidente da República visitou esta sexta-feira a Livraria Barata, em Lisboa, e pediu aos cidadãos que ajudem à sua sobrevivência neste "tempo muito difícil" para o setor livreiro e para a cultura em geral.

"Eu vim aqui agradecer e apelar: venham ajudar a Livraria Barata, para que ela possa realmente sobreviver e afirmar-se", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, apontando a Barata como "um exemplo de resistência do livro e das livrarias independentes".

À saída da livraria, o Presidente da República congratulou-se com a notícia de que "a Feira do Livro de Lisboa será no final de agosto, e logo a seguir a Feira do Livro do Porto, no início de setembro".

"Lá estarei. Foi uma ótima notícia, de tal maneira que eu cancelei a Festa do Livro que seria na mesma ocasião em Belém, que há todos os anos, precisamente para não se sobrepor", referiu.

O chefe de Estado informou que pretende manter uma agenda cultural com alguma intensidade nas próximas semanas: "Vou ao espetáculo do Bruno Nogueira na terça-feira. E logo que haja teatro, que salvo erro o primeiro vai ser o festival de teatro, a iniciativa de teatro de Almada, que reunirá vários grupos de teatro, lá estarei".

"E quando houver cinema também lá quero ir, a uma das primeiras sessões de cinema", disse.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, "o mundo da cultura, todo ele, foi talvez dos mais atingidos" pela pandemia de covid-19, "porque de repente parou praticamente tudo".

"Mas eu promulguei agora uma lei da Assembleia da República que obriga os promotores a pagarem 50% daquilo que estava contratado - nem é preciso que seja contratado, que estava apalavrado, que estava em início de negociações - à cabeça, seja iniciativa pública, seja privada, desde que haja fundos públicos, sendo o resto pago a seguir, quando for reagendado e realizado aquilo que estava previsto ou programado", assinalou.

Ainda sobre os efeitos económicos e sociais da covid-19, o Presidente da República considerou que "as pandemias punem mais os mais pobres do que os mais ricos" e, referindo-se aos bairros da região de Lisboa e Vale do Tejo com piores condições, adiantou: "Na segunda-feira vou visitar, porventura, a propósito da abertura das creches em termos obrigatórios e da educação pré-escolar, estruturas que penso que uma delas fica próxima de um desses bairros".

Enquanto percorria as estantes da Barata, o Presidente da República falou novamente aos jornalistas sobre a sua experiência desta noite passada num hotel que, frisou, era "um hotel de três estrelas", ali "mesmo ao lado" da livraria, onde chegou perto da meia-noite com o objetivo de "verificar ao vivo" as condições de higiene e segurança.

"É uma certa aventura a entrada, porque tem de haver uma desinfeção de tudo: malas, pastas, computadores, tudo criteriosamente. Mas é assim mesmo, para as pessoas ganharem confiança. Fui um dos 23 a ficar num hotel que nunca fechou e que está ligado à minha prática política passada", relatou.

"Faltava-me essa experiência. Já faltam poucas: falta andar de avião, falta andar de comboio, o que tenciono fazer muito brevemente", prosseguiu, acrescentando: "O avião será o último que utilizarei porque não preciso e não devo afastar-me agora do país nos próximos tempos".

A Livraria Barata, fundada em 1957, anunciou na quinta-feira a decisão de repor totalmente o seu funcionamento, dada a afluência de clientes que ocorreu após ter admitido ter de encerrar por dificuldades financeiras.

"Quando soube que reabriram e que estavam a aguentar, aqui vim eu para mostrar que é preciso dar vida ao livro, dar vida às livrarias e é preciso ajudar. Esta é uma resistente, não há muitas assim", justificou Marcelo Rebelo de Sousa, à chegada.

O Presidente da República perguntou como vai o negócio e explicaram-lhe que têm "recuperado um pouco" com o "movimento de solidariedade" que se gerou.

Na livraria, espreitou livros em destaque alusivos ao atual contexto de pandemia, como "A Peste", de Albert Camus, e o "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, lembrando que esteve no lançamento deste último, "a convite de Saramago com o Presidente Mário Soares e com o professor Barata Moura, no Centro Cultural de Belém, já lá vão uns aninhos".

Depois, quis ver "as novidades" e mostrou-se impressionado ao verificar "como a atividade editorial parou durante os últimos meses", desde março. "Foi tudo adiado", observou.

A pandemia de covid-19, doença provocada por um novo coronavírus detetado em final de dezembro na China, atingiu 196 países e territórios.

Em Portugal, os primeiros casos de infeção com o novo coronavírus foram confirmados no dia 02 de março e já morreram 1.383 pessoas num total de 31.946 confirmadas como infetadas, com 18.911 doentes recuperados, de acordo com o relatório de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS).