O bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, na mensagem de Quaresma que dirige a todos os diocesanos mostra-se próximo e pede perdão a todas as vítimas de abusos sexuais e garante que tudo fará para que estes crimes não voltem a repetir-se.
“Pedimos perdão a todas e a cada uma das vítimas, na esperança de que acolham a verdade dos nossos sentimentos; garantimos-lhes a nossa solidariedade e acolhimento, como contributo para ajudar a reparar os danos humanos, morais, e espirituais que persistem nas suas vidas; asseguramos que tudo faremos para que não tenham lugar na Igreja os abusos que agora conhecemos”, escreve o prelado.
O bispo questiona-se sobre “como transmitir a fé a todos quando entramos na Quaresma marcados pela vergonha e pela dor dos abusos sexuais cometidos contra crianças no seio da nossa Igreja?”, admitindo que “não é fácil a resposta, pois, se acreditamos no amor de Deus que tudo vence, vemos com clareza o mal e o pecado na nossa Igreja a clamar por redenção”.
“Percebemos neste momento muito melhor o que é o caminho da penitência, da conversão, da purificação e da santidade de vida, sempre na procura da justiça e do amor, que Jesus nos propõe com a Sua palavra e a Sua vida. Sem verdade de vida não se transmite a fé e tudo o que se fizer ou disser sem verdade, sem justiça e sem caridade soa a vazio e não entra no coração”, acrescenta.
O responsável da Diocese de Coimbra nota que “toda a Igreja é convidada a celebrar a Páscoa de Jesus Cristo como acontecimento que inclua a libertação dos seus trajetos mais sinuosos”, observando que neste caminho “precede-nos e acompanha-nos Jesus, que não tendo cometido pecado algum, aceitou decididamente passar pela paixão e pela cruz por nós e connosco”.
“A Páscoa que celebramos só é transformadora quando estamos decididos a passar pela paixão e pela cruz própria e dos outros, para que se manifeste o poder de Deus”, adverte D. Virgílio Antunes.
“Sentimos presentes no nosso mundo muitos lugares de paixão e toca-nos dramaticamente a experiência de morte que chega por causa da guerra, dos sismos e das injustiças humanas. Vemos a esperança e a alegria de viver a morrer ao nosso lado, na nossa Igreja e na humanidade”.
Renúncia quaresmal vai apoiar vítimas do sismo na Turquia e Síria e ação pastoral na prisão de Coimbra
Lembrando que “a partilha de bens, sinal da nossa penitência, solidariedade, justiça e caridade, constitui uma das vias relevantes do nosso percurso quaresmal”, o bispo de Coimbra informa que a renúncia quaresmal da diocese é destinada ao “apoio à ação pastoral no Estabelecimento Prisional de Coimbra” e “às vítimas do sismo na Turquia e na Síria”.
D. Virgílio Antunes informa ainda que, neste tempo, tenciona visitar os “jovens residentes em casas de acolhimento” da diocese.
Quase a concluir a mensagem, o bispo de Coimbra convida os cristãos “a viverem a Quaresma e a Páscoa com sinais claros de arrependimento e conversão; a procurarem a verdade sobre os erros e pecados pessoais e eclesiais; a acolherem e acompanharem os que mais sofrem, particularmente as vítimas de todas as formas de abusos cometidos no seio da Igreja; a carregarem a própria cruz e a ajudarem o seu próximo a levar a cruz com amor; a rezarem pessoalmente, na família e na comunidade pela conversão dos pecadores; a buscarem sinceramente a santidade de vida, o único meio de que dispomos para criar uma humanidade mais feliz e transmitirmos ao mundo a alegria de acreditar em Jesus Ressuscitado”.
Por fim, dirigindo-se aos jovens deixa o convite “a entrarem alegremente no dinamismo de preparação para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e a disporem-se para acolher os símbolos da JMJ, que estarão entre nós durante o mês de abril, na Semana Santa e no tempo pascal”.
A Quaresma começa esta quarta-feira, com a Quarta-feira de Cinzas e prolonga-se até ao começo do tríduo pascal. A Páscoa de 2023 calha a 9 de abril.