É a notícia amarga que chega numa altura em que encerra a 18.ª edição. O Festival Terras sem Sombra, no Alentejo, está em risco. A Direção-Geral das Artes considerou a candidatura do evento aos apoios “elegível”, mas por falta de verbas admite não apoiar o festival.
Em comunicado, a organização do festival, que começou há 18 anos ligado à Diocese de Beja com o intuito de promover a recuperação do património naquele território, considera que sem apoios fica “em risco a sobrevivência do Festival nos moldes atuais”.
Fonte do festival adianta à Renascença que vão recorrer da decisão que os deixa fora do Programa de Apoio Sustentado às Artes. Numa altura em que está a ser discutido o orçamento e, em que o ministro da Cultura assegurou verbas mais alargadas para o apoio às artes, o festival recebe a notícia com “estranheza”.
“Foi com surpresa e consternação que recebemos a notificação, por parte da Direcção-Geral das Artes, de que esta entidade considerou elegível a candidatura do Terras sem Sombra ao Programa de Apoio Sustentado às Artes, na modalidade bienal, mas projeta não a considerar, em termos financeiros, "em virtude de ter sido esgotado o montante global disponível para a área artística e/ou modalidade de apoio" em causa”, refere o comunicado.
Fonte do festival adianta que em causa está um apoio pedido de 60 mil euros por edição e lamenta que o evento que conjuga as vertentes cultura e ambiente não tenha sido considerado “inovador” pela DGArtes.
A organização tinha já estruturada a próxima edição 2023-2024, com temporadas pensadas em torno “da diversidade e pluralidade na música e das mulheres na música”, indica o comunicado. Com acesso gratuito, o festival abrange mais de 10 concelhos do Alentejo, de Sines a Barrancos, passando por Odemira, Beja ou Castelo de Vide.
A notícia de falta de apoio da DGArtes surpreendeu também os autarcas locais. Sabe a Renascença que muitos deles já escreveram cartas de conforto à organização do Terras sem Sombra que vai agora, até 18 de novembro contestar a decisão da DGArtes.
“Realizado em territórios afastados dos grandes centros”, o festival alega que pugna pela “descentralização cultural, pela inclusão e pela formação de novos públicos”. No comunicado, a organização diz que a decisão de não apoiar o festival “discrimina negativamente o Alentejo, região onde não foi contemplado nem sequer um único projeto no âmbito da Música”.
“Baixar os braços não é solução”, reclama o Festival Terras sem Sombra, que se mostra confiante “em que sejam reprogramadas verbas” e que a região do Alentejo “não fique marginalizada”.