A Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas e Transformadoras do Papel (Apigraf) manifesta “o seu veemente repúdio” em relação à suspensão da venda de livros nos hiper e supermercados, determinada pelo Governo.
É a reação do setor gráfico ao decreto que regulamenta a aplicação do estado de emergência que entrou em vigor esta semana, no âmbito das novas regras de combate à pandemia da Covid-19.
“Com que fundamento se toma uma medida que claramente afeta toda uma cadeia de valor, na qual se incluem as empresas gráficas produtoras de livros, sem qualquer benefício aparente? Mera inspiração de algumas experiências europeias, cujos objetivos e resultados se desconhecem? Experiência sociológica? Promoção do comércio online?”, questiona o presidente da Apigraf, José Manuel Lopes de Castro, através de um comunicado.
No despacho do Governo pode ler-se que a ausência de limites à comercialização de determinados produtos em superfícies de retalho poderia “conduzir a um desequilíbrio de mercado”, mas prevê que os mesmos possam ser “entregues ao domicílio, ou através de serviço de recolha de produtos adquiridos previamente através de meios de comunicação à distância (click and collect), ou através de comércio eletrónico”.
Regras que, para Lopes de Castro, são contraditórias.
Para o presidente da Apigraf, “destrói-se a fundamentação do desequilíbrio de mercado”, quando se permite a venda através de comércio eletrónico de um bem que “claramente não se adapta às demais possibilidades oferecidas”.
Lopes de Castro acrescenta que o setor das indústrias gráficas e transformadoras do papel "desde o primeiro momento tem sido exemplar no combate à pandemia”, considera que “esta é uma decisão não fundamentada, errada” e adverte que “é próprio das pessoas inteligentes reconhecer os erros e corrigi-los”.