A ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, lamentou este sábado que as suas declarações sobre o novo coronavírus detetado na China tenham sido mal interpretadas, garantindo que não se quis aproveitar de um “flagelo mundial”.
Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita à Feira do Pastor e do Queijo de Penalva do Castelo, Maria do Céu Albuquerque esclareceu que quis dizer que os mercados asiáticos “são muito exigentes do ponto de vista da segurança alimentar”, mas os produtos portugueses, “pela sua alta qualidade e pelos padrões que têm de cumprir, estão neste momento no mercado global e também já no mercado asiático”.
“As nossas exportações são claramente um fator distintivo da agricultura dentro da economia portuguesa. Os dados do INE [Instituto Nacional de Estatística] publicados ontem [sexta-feira] demonstram que, dos 6,9 mil milhões de euros de exportações, passámos para os 7,1 mil milhões de euros”, frisou.
Na quarta-feira, em Berlim, numa visita às empresas portuguesas que participam na Fruit Logística, a ministra disse acreditar que o novo coronavírus, que já provocou mais de 700 mortos na China, “até pode ter consequências bastante positivas” para as exportações portuguesas do setor agroalimentar para os mercados asiáticos.
Hoje, a governante lembrou que acompanhava a Portugal Fresh, “que há dez anos que faz aquela feira” e que começou “com o volume de exportações de 700 milhões de euros e neste momento está no dobro, 1.600 milhões de euros de exportações”.
“Isto é o que importa valorizar. Lamento muito profundamente que não tenha sido essa mensagem a passar, porque longe de mim querer aproveitar-me daquilo que é um flagelo mundial, que condiciona inevitavelmente a economia mundial e a vida de todos os cidadãos, independentemente do ponto do mundo onde se encontram”, frisou.
Maria do Céu Albuquerque garantiu que o setor vai continuar a trabalhar para demonstrar a confiança que os países terceiros podem ter nos produtos portugueses.
“Este é um trabalho que não começa agora, que não é reforçado nesta situação de crise mundial. É um trabalho de continuidade que temos de fazer todos em relação a esta matéria”, referiu.
Segundo a governante, sabe-se que “a Ásia e a Oceânia vão carecer de comprar mais produtos a mercados que não os deles”.
Atendendo à “grande qualidade” dos produtos e dos padrões exigidos do ponto de vista da segurança alimentar, Portugal poderá “fornecer alimentos em quantidade e em qualidade para garantir o abastecimento mundial, quando se espera claramente que haja um aumento exponencial da nossa população”, realçou.
A China elevou hoje para 722 mortos e mais de 34 mil infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Nas últimas 24 horas, registaram-se 86 mortes e 3.399 novos casos.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países.