Como podemos saber se o bem que procuramos é verdadeiro? É a pergunta-chave lançada pelo Papa, esta manhã, em mais uma reflexão sobre o discernimento.
“Tudo, na nossa vida deve estar orientado para o bem”, disse nas reflexões que fez, a partir dos ensinamentos de Santo Inácio de Loyola.
Mas, “se há algo que nos inquieta ou nos distrai do nosso bom propósito inicial… esse pensamento não vem de Deus”. E, para que não restem dúvidas, Francisco concretiza: “Por exemplo, tenho o pensamento de ir rezar, de ter atenção ao próximo e realizar gestos de generosidade, de caridade: é um bom princípio. No entanto, pode acontecer que aquele pensamento surja para evitar um trabalho ou uma tarefa que me foi confiada: sempre que devo lavar a louça ou limpar a casa, vem-me uma grande vontade de começar a rezar!”, alerta.
“Mas a oração não é uma fuga dos nossos afazeres, pelo contrário, é uma ajuda para realizar o bem que somos chamados a praticar, aqui e agora.”
Francisco esclarece que “o estilo do inimigo consiste em apresentar-se de maneira sorrateira e disfarçada: começa a partir daquilo que nos é mais querido e depois, pouco a pouco, atrai-nos a si e o mal entra secretamente, sem que a pessoa se aperceba. E, com o passar do tempo, a suavidade torna-se dureza: aquele pensamento revela-se pelo que realmente é”.
Qual a conclusão? É preciso fazer um exame de consciência diário, para discernir a origem dos nossos pensamentos e bons propósitos e não continuar a repetir os mesmos erros.
“Quanto mais nos conhecemos, mais sentimos por onde entra o espírito maligno, as suas “passwords”, as portas de entrada do nosso coração, que são os pontos onde somos mais sensíveis, de modo a prestar-lhes atenção no futuro”, aconselha o Papa.
“É importante compreender o que acontece”, porque “a graça de Deus age em nós, ajudando-nos a crescer em liberdade e consciência e discernir o que é um bem verdadeiro”,
No final da audiência geral, o Santo Padre saudou, de modo especial, o Patriarca Bartolomeu de Constantinopla, por ocasião da festa de Santo André, padroeiro daquela igreja ortodoxa, que hoje se celebra. “Que a intercessão dos santos irmãos apóstolos Pedro e André conceda depressa à Igreja a possibilidade plena da sua unidade e a paz ao mundo inteiro, especialmente á querida e martirizada Ucrânia, sempre no nosso coração e nas nossas orações”, afirmou.
Aos fiéis de língua francesa, o Papa convidou, neste tempo do Advento, a “implorar com fervor o Príncipe da paz, para que traga consolação aos nossos corações feridos e às nações provadas pela guerra e por crises de todo o género, a favor de uma vida digna e serena”.