O CDS-PP defendeu esta terça-feira a afirmação dos direitos sociais e da protecção da vida, além dos direitos civis e políticos insubstituíveis que o 25 de Abril consagrou, declarando que todas as vidas valem a pena ser vividas.
O discurso dos centristas na sessão solene do 25 de Abril ficou igualmente marcado pela referência à memória do ex-Presidente da República e ex-primeiro-ministro Mário Soares, no primeiro aniversário da 'Revolução dos Cravos' após a sua morte, momento que foi aplaudido por várias bancadas, designadamente do PS.
O CDS-PP construiu a sua intervenção na cerimónia em torno da defesa dos direitos que estão além dos direitos civis e políticos, concluindo numa defesa da protecção da vida, recusando a eutanásia: "Defendemos a dignidade enquanto valor intrínseco e patrimonial inegociável do ser humano, pelo que para nós, e independentemente das circunstâncias, não há vidas que valem a pena ser vividas e outras não".
Numa altura em que se discute a eutanásia e há iniciativas de BE, PEV e PAN concluídas ou em preparação sobre a matéria, Isabel Galriça Neto, que é médica especialista em cuidados paliativos, começou por afirmar que a democracia trouxe "direitos civis e políticos insubstituíveis", mas outros não podem ser esquecidos.
"Na democracia que queremos consolidar, os direitos sociais deverão ser a trave mestra que importa reforçar. Precisamos de valores sociais sólidos, que devem ser entendidos como verdadeiros Direitos Humanos que o são, numa salutar interdependência com os direitos civis que temos proclamado e construído", sustentou.
"É nesta linha que reafirmamos a necessidade de edificar uma sociedade moderna, que tem na protecção da vida o alicerce dos direitos humanos, uma sociedade que não descarta os mais vulneráveis, antes deles cuida e lhes amplia horizontes", prosseguiu.
Galriça Neto sublinhou que, assim, o CDS adopta uma "uma visão solidária da dignidade humana, ultrapassando uma outra perspectiva individualista, que uma eventual ponderação mais isolada dos direitos civis poderá afirmar".
Como tradicionalmente, o CDS defendeu a importância do 25 de Novembro na afirmação democrática e não esqueceu o processo de descolonização, sobre o qual reiterou a sua posição crítica.
"Neste percurso, já longo, reconhecemos erros - e não esquecemos o conturbado processo de descolonização - reconhecemos desvios e divergências. O CDS não tem nem nunca teve medo de afirmar os seus valores e princípios, e também nunca alimentou ressentimentos", afirmou.
Numa nota pessoal, Isabel Galriça Neto disse que "enquanto filha de militar e com dolorosas memórias da guerra colonial": "Celebrar o 25 de Abril, e também o 25 de Novembro, é não esquecer dias e horas de inexcedível alegria. É também honrar a memória do meu pai e dos seus camaradas de armas, alguns deles aqui presentes".