Covid-19. Governo admite que moradas falsas comprometem celeridade na localização de doentes
01-07-2020 - 16:58
 • João Carlos Malta

Secretária de Estado Jamila Madeira diz que o problema não é das autoridades de Saúde, mas sim da falta de dados existentes. Ainda assim, assume que a situação compromete a celeridade da localização de suspeitos e infetados.

Veja também:


A secretária de Estado Adjunta da Saúde, Jamila Madeira, admitiu esta quarta-feira que há situações em que a localização de doentes de Covid-19 é mais complicada porque os serviços se deparam com moradas falsas e alterações de morada. E assumiu ainda que é uma situação que atrasa o processo de deteção de novos casos. As zonas urbanas são as mais atingidas, segundo a mesma responsável, e Lisboa e Vale do Tejo a que mais se verifica este problema.

A governante comentou a notícia segundo a qual as autoridades de saúde não conseguem contactar cerca de 100 doentes por dia.

“Existe um empenho muito claro para que sejam contactados os casos ativos o mais rápido possível. Nesse contexto, há dificuldades, e elas surgem com moradas falsas, alterações de morada”, explica a secretária de Estado Adjunta da Saúde.

Madeira acrescentou ainda que “são dificuldades que não negligenciamos, mas mesmo assim têm estado a ser supridas muitas destas questões com a operacionalização e outros caminhos para localizar estas pessoas, ainda que não com a celeridade desejada”.

Ainda assim, a governante não assume responsabilidades nesta área, “Esta questão não é algo que a saúde consiga responder, tem a ver com os registos e que em termos de saúde temos de encontrar os mecanismos para os ultrapassar”, defende Jamila Madeira.

A mesma acredita que este fenómeno não se verifica só em Lisboa e Vale do Tejo, mas é típica de todas as zonas urbanas, em que a mobilidade residencial é mais notória.

Ainda assim, admitiu, que os concelhos da capital, além dos inúmeros movimentos pendulares que propicia, acabam por ser os mais expostos a uma grande “pressão imobiliária” que motiva a mudanças sucessivas de casa.

Férias no Alentejo

Sobre o gozo de férias dos profissionais da saúde durante a pandemia, Jamila Madeira assinala que o direito às férias é essencial. Ainda assim, ressalvou que “estamos no meio de uma pandemia por isso temos que conseguir conciliar este direito com a operacionalização das soluções de resposta a esta pandemia”.

“Houve por parte da ARS Alentejo uma suspensão até 10 de julho, não mais que isso. Da nossa parte é recomendado que isso seja feito no estrito limite da necessidade, porque o direito”, declarou.

Esta quarta-feira, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) do Alentejo exigiu a revogação da suspensão das férias dos médicos do distrito de Évora.

“Os médicos já ultrapassaram há largo tempo as horas extraordinárias previstas na lei o que faz com que, juntando a não possibilidade de gozo do período de férias, consagrado no Código de Trabalho, estejam a trabalhar exaustos aumentando assim o risco de erro médico, não podendo assim proporcionar os melhores cuidados de saúde à população”, alerta o SIM, em comunicado.

Remdesivir assambarcado

Sobre o anúncio da compra de Remdesivir por parte do departamento de saúde norte-americano que "assegurou mais de 500 mil ciclos de tratamento do medicamento para hospitais americanos até setembro", o que equivale a "100% da produção prevista da Gilead para julho (94.200 ciclos)”, a secretária de Estado da Saúde afrimou que o medicamento está disponível desde o início da pandemia em Portugal.

CASOS POR REGIÃO

“Não temos nenhum sinal de que uma intervenção do género da que os EUA da América providenciararam pudesse ser visto como positivo por parte da comunidade médica em Portugal. Houve uma utilização pontual quando essa análise foi feita por parte dos médicos e perante os casos clínicos em concreto”.

Segundo as informções que se conheceram hoje, todo o stock foi alocado, e “tendo isso presente o Infarmed pediu dados à empresa”.

Nas últimas 24 horas, a Direção-Geral da Saúde registou mais três mortos e 313 infetados com Covid-19. A DGS assinala ainda 27.798 casos recuperados. Assim, há neste momento, 13.077 casos ativos, neste momento em Portugal.

Duas das três vítimas mortais das últimas 24 horas registaram-se em Lisboa e Vale do Tejo, assim como quase 70% dos novos casos (218).

Desde o início da pandemia, Portugal regista 42.454 casos positivos e 1.579 vítimas mortais.

A taxa de letalidade da doença mantém-se nos 3,7%