O diretor clínico do Centro Hospitalar do Algarve apresentou demissão, numa carta enviada ao ministro da Saúde no final de junho, pedindo renúncia das suas funções, foi noticiado esta sexta-feira.
Em causa estão divergências na definição de prioridades para a prestação de cuidados de saúde dos hospitais de Faro e Portimão.
“Tem a ver com as prioridades na área materno-infantil. Nós temos dificuldades porque temos duas maternidades, dois serviços de urgência e, portanto, é preciso sacrificar algum dos setores. Há uma sensibilidade diferente daquilo que é a minha proposta e daquilo que foi outra orientação, nomeadamente da senhora presidente do conselho de administração e portanto, eu acabei por ficar sem capacidade de intervenção, de mobilidade, de construir soluções.”
A informação foi noticiada pela TSF e confirmada à Renascença, com Horácio Guerreiro a alertar que a solução preconizada pelo conselho de administração vai prejudicar, alternadamente, um hospital em benefício do outro.
“Ou fica descoberto, por exemplo, a maternidade em Portimão, que neste caso não fica porque está assegurada, mas pode ficar a descoberto a maternidade em Faro, tanto que a maternidade em Faro tem muito mais movimento que em Portimão - pelo menos o dobro do movimento, e por outro lado, os cuidados intensivos pediátricos estão em Faro. Portanto, não é indiferente”, assegura o diretor clínico demissionário.
Horácio Guerreiro esclarece que o foco da divergência é com a presidente do conselho de administração e não responsabiliza o diretor executivo do SNS.
“Eu não recebi nenhuma instrução, nem nenhuma indicação do diretor executivo do SNS. Ao contrário daquilo que foi dito, não tenho nenhuma divergência. Até estou muito solidário com a missão que o senhor está a desempenhar, que é difícil, como todos sabemos.”
O mandato do conselho de administração terminou a 19 de dezembro do ano passado, mas os seus membros mantêm-se em funções até à designação de novos membros pelo ministério da saúde.