Uma equipa israelita terá manipulado mais de 30 eleições em todo o mundo, utilizando métodos de sabotagem, hacking e desinformação nas redes sociais. A informação é revelada, esta quarta-feira, pelo jornal “Guardian” e resulta de uma investigação de um consórcio de jornalistas internacional que inclui o “Le Monde”, o “Der Spiegel” e o “El País”.
Segundo a publicação, a empresa é liderada por Tal Hanan, um homem de 50 anos que já fez parte das forças especiais israelitas e que agora utiliza o pseudónimo Jorge. A equipa tem, por isso mesmo, o nome “Team Jorge”.
O jornal indica que a “Team Jorge” tem influenciado as eleições de vários países por mais de duas décadas. Os serviços da empresa têm sido também requisitados por empresas. Segundo o “Guardian”, que cita o próprio Tal Hanan, a empresa tem atuado em África, América Central e do Sul, nos Estados Unidos e na Europa.
A empresa controla milhares de perfis falsos em redes como o Twitter, LinkedIn, Facebook, Telegram, Gmail, Instagram e YouTube. Os perfis, embora falsos, chegam a possuir contas na Amazon, cartões de crédito, carteiras de bitcoin e contas de Airbnb.
O consórcio, que inclui 30 jornais mundiais, conseguiu "infiltrar" três repórteres da Radio France, Haaretz and TheMarker. Estes três jornalistas contactaram a equipa de Hanan e tentaram contratar os seus serviços, fazendo-se passar por consultores de um líder político de um país africano com situação política instável.
As reuniões entre os três jornalistas infiltrados e a equipa de Hanan decorreram entre julho e dezembro de 2022, duraram mais de seis horas e foram captadas secretamente em vídeo.
Na apresentação inicial dos seus serviços, o líder da equipa israelita revela que nessa altura estavam envolvidos “numa eleição em África” e que tinham uma equipa na Grécia e outra nos Emirados Árabes Unidos. Hanan revelou também que já interferiram em “33 campanhas presidenciais, 27 das quais foram bem-sucedidas”.
Nestas gravações, Hanan e a sua equipa descreveram ainda como reúnem informações sobre os rivais dos seus clientes, por exemplo, acedendo às suas contas de Gmail e do Telegram. A equipa chegou a contar um exemplo: enviaram um brinquedo sexual entregue pela Amazon para a casa de um político, com o objetivo de dar à esposa a falsa impressão de que ele estava a ter um caso extraconjugal.