Quais os efeitos da pandemia na educação das crianças e dos jovens? Um estudo da Deco Proteste conclui que 58% do total dos encarregados de educação “não acreditam que os alunos consigam recuperar as aprendizagens ao longo deste ano letivo”.
Quase dois terços dos encarregados de educação reconhecem uma falta de preparação dos filhos quando iniciaram o ano letivo em setembro de 2021. Entre os pais dos alunos dos 2.º e 3.º ciclos, esta perceção atinge os 73%.
À data do estudo – novembro de 2021 – “mais de metade dos professores estavam ainda a compensar a matéria que ficou em atraso por consequência dos confinamentos”. Portugal é um dos países onde as escolas encerram mais dias do que a média verificada na OCDE, com os alunos do 3.º ciclo a terem sido os que ficaram mais tempo sem aulas presenciais.
Quase 90% dos encarregados de educação consideram que a pandemia teve impacto no desempenho escolar dos alunos no ano letivo anterior, aponta ainda o inquérito.
40% dos encarregados de educação reconhecem que a pandemia desafiou a saúde mental das crianças e dos jovens, dificuldades mais sentidas pelos alunos do 1.º ciclo.
“Tal como afirmam 83% dos pais, houve um importante aumento do uso da tecnologia no ensino. Contudo, em mais de metade dos casos, este levou a que as crianças passassem mais do seu tempo livre em frente aos ecrãs. Quase um terço dos pais reporta que os filhos têm menos vontade de sair de casa do que antes da pandemia”, lê-se ainda nas conclusões do inquérito.
No regresso às aulas físicas em setembro do ano passado, “87% dos alunos mostraram-se felizes pela retoma às rotinas diárias, adaptando-se muito bem às novas medidas de contenção da pandemia – nove em cada dez cumprem integralmente as regras de segurança dos estabelecimentos de ensino, como uso de máscara e distanciamento social”.
Apesar do regresso às aulas presenciais, 46% dos pais sentem-se mais afastados das escolas devido à falta de atividades “como apresentações e festas, e apenas 44% referiram existir melhorias na comunicação entre as famílias e os estabelecimentos de ensino”.
Apesar das dificuldades, 52% dos encarregados de educação consideram que o sistema de ensino teve um bom desempenho ao longo da pandemia, conclui ainda o inquérito.