O objetivo em Paris era melhorar um 51.º lugar e ficou em 11.º: Maria Tomé quer "inspirar as mulheres e realizar sonhos"
31-07-2024 - 10:40
 • Hugo Tavares da Silva

... e divertir-se. A atleta portuguesa estava feliz no final do triatlo feminino olímpico e, sorrindo com vontade, explicou sentimentos e expectativas.

Maria Tomé arfava de alegria, mais do que pelos 1.5km nas águas do Sena, 40km de ciclismo e 10km de corrida. Acabava de garantir um 11.º no triatlo olímpico, em risco pela qualidade da água do rio de Paris.

O que fez é admirável, não vale a pena nos perdermos na esfumaçante lengalenga da fome de medalhas. O objetivo da lisboeta, nascida em 2001, era melhorar a prestação no evento-teste. Na altura ficou em 51.º lugar. Se o espírito olímpico e do desporto, na verdade, é melhorar e superar o que se fez ontem, Maria Tomé foi uma valente competidora e alcançou os objetivos.

“As expectativas eram zero”, confessou no final da prova, perante os microfones dos jornalistas portugueses. “São os meus primeiros Jogos, queria mesmo era divertir-me e aproveitar a experiência. Mas o 11.º… não sei, não tenho palavras. Tive de sprintar ali no fim porque o desejo de acabar assim era o que mais queria.” Não só sprintou como esticou o braço para se impor perante o ataque demasiado próximo de uma alemã.

Os suspiros e os sorrisos devolvem-nos à mais bela paisagem, à esperança. A atleta do Clube de Natação de Torres Novas, uma amante de lasanha já agora, estava feliz da vida e pelos vistos não tem de pensar no plano B para a vida, que passava por ser fisioterapeuta.

“Acho que consegui inspirar muitas mulheres, era o meu grande objetivo ao participar nos Jogos Olímpicos, realizar os sonhos é possível”, disse também, aparentemente com a adrenalina a escorrer-lhe dos olhos. “As mulheres conseguem ter um impacto bastante grande no desporto.”

Se nos auscultadores o que mais gosta de ouvir é “Thinking Out Loud” de Ed Sheeran, a música por Paris foi outra e ela foi uma das protagonistas. Mas as nuvens, metafóricas e não só, estiveram sempre presentes. “Só às 4h da manhã nos deram a resposta sobre a realização da prova”, contou.

“Mas era tudo nos limites. Como choveu sexta e sábado, o rio estava no limite quanto às bactérias para nos deixarem nadar. Felizmente, aconteceu. Depois, o outro ponto em cima da mesa era a corrente. Demorámos três ou quatro minutos para lá e para cá parecia que nunca mais acabava”, admitiu entre risos.

Segue-se, depois da prova masculina com Vasco Vilaça e Ricardo Batista, a estafeta. “Sonhar é sempre possível, não é? Isso é possível. Podemos sonhar com o pódio, o que acontecer vai ser o melhor que conseguimos…”