Centenas de pessoas manifestaram-se este sábado na Turquia, pelo segundo fim-de-semana consecutivo, para protestar contra a decisão do Presidente, Recep Tayyip Erdogan, de retirar o país do primeiro tratado mundial de combate à violência contra as mulheres.
Há uma semana, vários milhares de pessoas manifestaram-se na Turquia para pedir ao chefe de Estado para inverter a decisão.
Erdogan retirou a Turquia da Convenção de Istambul, o primeiro tratado internacional que estabelece normas juridicamente vinculativas em cerca de 30 países destinadas a prevenir a violência de género.
A decisão, tomada num contexto em que o homicídio de mulheres aumenta desde há uma década na Turquia, motivou a indignação de várias organizações, assim como as críticas da União Europeia, dos Estados Unidos e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
A presidência turca afirmou na semana passada, em defesa da sua decisão, que o tratado foi “sequestrado por um grupo de pessoas que tentam normalizar a homossexualidade”, o que, segundo Ancara, é “incompatível” com os “valores sociais e familiares” da Turquia.
No distrito de Kadikoy, em Istambul, centenas de mulheres voltaram hoje a exortar o Presidente turco a que volte atrás.
Em Ancara, um pequeno grupo de mulheres manifestou-se no centro da cidade, rodeado pela polícia antimotim.
Tanto na capital turca como em Istambul, as manifestantes entoaram cânticos com frases como “não temos medo”, “não ficaremos em silêncio”, “não obedeceremos”.
Em 2020, 300 mulheres foram assassinadas na Turquia e a tendência parece manter-se este ano, com 87 mulheres mortas até agora, de acordo com o grupo de defesa dos direitos das mulheres We Will Stop Femicide Platform.