O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encontram-se quinta-feira pessoalmente pela primeira vez para relançar a “relação especial” entre os dois países numa nova “Carta do Atlântico”.
Johnson e Biden vão encontrar-se na Cornualha, sudoeste de Inglaterra, antes da Cimeira do G7, que começa na sexta-feira, e deverão chegar a acordo sobre uma nova "Carta do Atlântico", baseada na declaração conjunta feita pelos antecessores Winston Churchill e Franklin D. Roosevelt em 1941, estabelecendo os objetivos comuns para o pós-guerra.
O documento incluía acordos em torno de valores como a promoção da democracia, o comércio livre, a importância da segurança comum, mas Londres e Washington querem estabelecer uma série de novas prioridades, como a reabertura das viagens transatlânticas, adiantou o Governo britânico num comunicado.
O primeiro-ministro britânico e o Presidente norte-americano vão procurar um entendimento para a reabertura das viagens aéreas entre o Reino Unido e os EUA "o mais rápido possível” criando um grupo de trabalho que faça recomendações sobre como fazê-lo de forma segura.
Há mais de um ano que as viagens entre os dois países estão sujeitas a restrições por causa da pandemia covid-19.
Um potencial acordo de comércio pós-Brexit e as relações com a China e Rússia também vão estar na agenda.
Num artigo publicado no domingo no Washington Post, Biden disse que pretendia fortalecer a “relação especial” entre os dois países na visita ao Reino Unido, uma expressão alegadamente criada por Churchill e repetida ao longo de décadas por diferentes líderes dos dois lados.
Mas, de acordo com o The Atlantic, que esta semana publicou uma reportagem após acompanhar Boris Johnson durante vários dias, o primeiro-ministro não gosta de usar o termo por fazer parecer o Reino Unido “dependente e fraco”.
"Ele prefere não usar a frase, mas isso de forma alguma reduz a importância que damos à nossa relação com os EUA, o nosso aliado mais próximo”, confirmou um porta-voz de Johnson.
O Reino Unido será o primeiro país estrangeiro que o presidente norte-americano vai visitar desde que está em funções e foi a Johnson que Biden telefonou primeiro quando tomou posse em janeiro.
Apesar da proximidade com o antecessor Donald Trump, Boris Johnson tem mais afinidades com Joe Biden a nível político, nomeadamente em termos de combate às alterações climáticas, defesa do comércio livre e cooperação internacional.
Embora esta não seja uma visita de Estado, Biden será recebido com honras especiais, devendo visitar no domingo a rainha Isabel II no Palácio de Buckingham, onde ela tem estado confinada desde o início da pandemia de covid-19.
Mas o Presidente dos Estados Unidos, de ascendência irlandesa, também deverá usar a sua influência para pressionar Boris Johnson a respeitar os compromissos com o processo de paz da Irlanda do Norte e atenuar a hostilidade pós-Brexit com a União Europeia.