A Semana Santa em Tavira arranca com o objetivo de fazer sentir aos ucranianos do município que fazem parte da comunidade.
"É para que eles sintam a paz, pelo menos interior e que sintam que nós estamos junto deles e que nos preocupamos com eles e que fazem parte da nossa comunidade", explica o padre Miguel Neto, em entrevista à Renascença.
Para além do envolvimento da comunidade ucraniana do Algarve nas procissões Semana Santa, haverá, também, vários momentos de oração pela paz: "Vamos rezar pela cidade de Tavira, mas também pelas cidades mártires da Ucrânia, pelas pessoas que ficaram sem nada, pelos que estão ou ficaram doentes, pelos que morreram."
O padre Miguel Neto lembra que “os momentos altos das festas pascais em Tavira são as suas procissões” e que elas “vão contar com a participação da comunidade ucraniana”. A começar pela procissão de Domingo de Ramos, com um dos andores a ser transportado por membros da comunidade ucraniana.
O pároco de Tavira sublinha, por exemplo, que "a procissão do triunfo, que é uma procissão que tem muita gente vinda de fora, vinda de Espanha, de outras nacionalidades, é uma procissão mais turística".
"Por isso, pensámos que seria um importante sinal para chamar a atenção de todos, uma vez que é uma procissão bastante vista pelo exterior. Queremos, assim, dar visibilidade à questão ucraniana, ao sofrimento que o povo ucraniano está a passar", reforça.
Um ano de exceções, pela Ucrânia
O sacerdote releva que “vai haver um andor que vai ser enfeitado com as cores da bandeira ucraniana, sobretudo do amarelo dos girassóis e que vai ser carregado e levado pela comunidade ucraniana”. Ao mesmo tempo, “também vai haver uma pregação em ucraniano para eles e também uma pregação em inglês sobre essa temática para todos aqueles que estão a ouvir”.
Depois, na outra grande procissão em Tavira, “a maior de todas, a procissão do Senhor Morto, todos os andores vão ter, excecionalmente, sinais da bandeira ucraniana". Os andores nessa procissão não costumam estar enfeitados, nem costumam levar flores.
“Isto é importante porque Tavira é uma cidade que se enche de turistas, não só nacionais, mas também de outras nacionalidades, como ingleses, holandeses, irlandeses, espanhóis, franceses, italianos nesta altura, porque existe uma forte tradição religiosa na Semana Santa em Tavira, aliada ao bom tempo e às circunstâncias turísticas desta cidade. Normalmente, é um período significativo de turismo e de gente que afluiu a esta cidade, sobretudo neste ano que é o primeiro pós-pandemia”, enfatiza.
O padre Miguel Neto não tem dados precisos, mas garante que a comunidade ucraniana no concelho de Tavira aumentou de forma significativa desde o início da guerra.