Recomeçaram as corridas. E no dia seguinte à longa paragem de oito dias, o taxista Carlos ainda está para ver se o protesto valeu a pena.
À porta da estação de São Bento, no Porto, a chegada de clientes/turistas não permite longas conversas, mas Carlos está pouco animado com os resultados desta greve.
Não é que desagrade a promessa do PS de transferir as competências de licenciamento para as câmaras municipais – agrada bastante. A questão é que este taxista já não acredita em promessas: "Pois, pois, o Infarmed também já estava garantidinho para o Porto e, afinal, foi dado o dito por não dito".
Carlos, o pessimista, torce o nariz e juntamente com outros "colegas do volante" considera que os resultados de tão longa paragem não cobrem o prejuizo.
Quando lhe pergunto quanto dinheiro terá deixado de ganhar ao longo da ultima semana, faz as contas numa corrida: "Ui, de certeza que anda à volta de mil euros. Mais até, porque temos custos fixos que continuámos a pagar apesar de termos estado parados".
Carlos não sabe, por isso, se valeu a pena... Se a primeira batalha está ganha, como dizem os homens que coordenaram o protesto, da Antral e da Federação do Táxi.
Bom, em tempos de guerra não se limpam armas, lá diz o ditado, mas é tempo, novamente, de limpar os táxis.
À minha frente, outro taxista, de pano na mão, esfrega o capot pela enésima vez. Depois, abre a porta e, sem ligar o motor, empurra o carro uns metros para se reposicionar na fila. Já se senta no banco de trás um novo cliente.